PSB
oficializa chapa presidencial com Marina Silva e Beto Albuquerque
Decisão foi
anunciada após reunião da cúpula do partido em Brasília.
Morte do presidenciável Eduardo Campos motivou escolha de nova chapa.
20/08/2014
20h06 - Atualizado em 30/08/2014
19h12
Priscilla Mendes e Filipe MatosoDo G1, em Brasília
Após reunir a Comissão Executiva Nacional do partido, o PSB anunciou
na noite desta quarta-feira (20) a ex-senadora Marina Silva como candidata a
presidente da República e o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS) como
candidato a vice.
O anúncio foi feito após a reunião, na
sede do partido, em Brasília. Segundo Beto Albuquerque,
a chapa recebeu aprovação unânime da executiva. Com a decisão, a legenda
tem até o próximo sábado (23) para registrar a nova chapa junto ao Tribunal
Superior Eleitoral (TSE).
A mudança na cabeça de chapa é anunciada uma
semana depois da morte do candidato Eduardo Campos em um acidente aéreo, em
Santos (SP) – Marina Silva era a candidata a vice. Além do
ex-governador de Pernambuco, morreram outras seis pessoas, dos quais dois
pilotos e quatro assessores de campanha.
Ao chegar à sede do
PSB, por volta das 20h, Marina Silva afirmou que “deve” responsabilidades
ao partido, em razão do compromisso assumido no ano passado ao formar a chapa
com Eduardo Campos.
"Aqui há um compromisso com as
responsabilidades já assumidas, construídas ombro a ombro, noite e madrugadas
adentro sob a liderança de Eduardo. Recebi de uma forma muito afetuosa uma
carta que eu chamo de carta-inventário, onde o presidente Roberto Amaral me diz
qual é o significado da luta, da trajetória desse partido e que agora juntos
temos a responsabilidade de ajuda-lo a se erguer após a perda irreparável que
sofreu", declarou Marina Silva, que ao final do discurso repetiu o bordão
criado por Eduardo Campos: "Não vamos desistir do Brasil".
Albuquerque disse que ele e Marina não
deixarão "pela metade" a herança política de Eduardo Campos.
"Estou aqui para fazer o que o Eduardo me disse ao longo desses 20 anos.
Ele que dizia que nunca podemos deixar nada pela metade. Eu e Marina estamos
aqui porque não vamos deixar pela metade o legado de Eduardo", afirmou.
Para oficializar a chapa, o PSB promoveu um ato marcado por discurso emotivo de Marina, lido por cerca de 20 minutos. Em sua fala, ela reafrimou o compromisso com as propostas de Eduardo Campos e reforçou o discurso em favor da "nova política".
Para oficializar a chapa, o PSB promoveu um ato marcado por discurso emotivo de Marina, lido por cerca de 20 minutos. Em sua fala, ela reafrimou o compromisso com as propostas de Eduardo Campos e reforçou o discurso em favor da "nova política".
Somos irmãos de uma fraternidade criada em cima da
ousadia de sair do roteiro da política tradicional para recriar, com novos
elementos e novos métodos, o caminho de nossa luta pela justiça social, pelo
desenvolvimento com sustentabilidade como único objetivo", disse Marina.
"Tivemos o atrevimento de propor, num
país marcado pela política patrimonialista e destrutiva, uma prática de
reconhecimento dos feitos e do valor alheio, de busca da convergência dos
melhores, de coragem para fazer reformas continuamente adiadas, de abandono da
cultura maléfica do poder pelo poder, substituindo-a pela gestão competente e
transparente do Estado, pela noção de servir o Estado e a população e não
servir-se dele", completou.
As conversas internas entre dirigentes do
PSB e dos demais partidos da coligação Unidos pelo Brasil em torno do nome de
Marina começaram na semana passada. A cúpula da legenda decidiu aguardar o
sepultamento e as últimas homenagens a Campos para fazer o anúncio oficial da
sua substituta, mas desde o último sábado (16) o nome da ex-senadora já é tido
como certo.
Dirigentes pessebistas apontaram como
"natural" a escolha de Marina Silva, que ficou em terceiro lugar na
disputa presidencial de 2010 – atrás de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB)
–, com quase 20 milhões de votos ou 19% da preferência do eleitorado.
A escolha do candidato a vice-presidente,
porém, não foi simples. A direção do PSB, partido que tinha preferência na
indicação do candidato, queria encontrar um nome que fosse um quadro
"orgânico" do partido, ou seja, que fosse filiado desde o início da
sua trajetória política. Além disso, o candidato deveria ser da confiança da
família Campos, especialmente da viúva Renata, e ter boa relação com Marina
Silva.
A preocupação do partido em escolher um
nome que tenha ligação estreita com Campos se deve ao fato de que Marina Silva
não é considerada uma representante legítima do PSB, mas sim da Rede
Sustentabilidade. Ela é uma das fundadoras da legenda que teve seu registro
barrado pela Justiça Eleitoral e por isso não pôde lançar candidatos na eleição
deste ano.
Além de Beto Albuquerque, outros socialistas foram
apontados como possíveis candidatos a vice, entre os quais a própria viúva
Renata Campos, considerada pelo presidente do PSB, Roberto Amaral, "a
grande liderança" do partido atualmente. A ex-prefeita de São Paulo Luiz
Erundina; o coordenador do programa de governo do PSB Maurício Rands; o
ex-secretário do governo de Pernambuco Danilo Cabral e o ex-ministro Fernando
Bezerra foram outros nomes cogitados entre os dirigentes.
A opção por Albuquerque, conforme adiantou o Blog do Camarotti nesta terça-feira (19), foi acordada entre o PSB e a família de Eduardo
Campos, em razão de o deputado ser próximo a Marina e pessoa de confiança do
ex-governador de Pernambuco. O nome, porém, sofreu resistência por parte da
seção regional do partido em Pernambuco, que tinha preferência por um quadro
cuja base eleitoral fosse o Nordeste.
A mais recente pesquisa Datafolha, divulgada na
segunda (18) – a primeira após a morte de Campos –, apontou Marina Silva em
segundo lugar na disputa pelo Palácio do Planalto com 21% das intenções de
voto, empatada tecnicamente com o tucano Aécio Neves (20%) e atrás de Dilma
Rousseff (36%). Em eventual segundo turno com a candidata petista, Marina teria
47% das intenções de voto, contra 43% de Dilma.
Marina
Silva
A ex-senadora é conhecida por defender causas relacionadas à proteção do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Marina Silva, assim como Eduardo Campos, chegou a ser ministra do governo Luiz Inácio Lula da Silva, ao chefiar a pasta do Meio Ambiente.
A ex-senadora é conhecida por defender causas relacionadas à proteção do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Marina Silva, assim como Eduardo Campos, chegou a ser ministra do governo Luiz Inácio Lula da Silva, ao chefiar a pasta do Meio Ambiente.
Nascida no Acre e filha de seringueiro, Marina diz
publicamente que uns de seus principais mentores na vida política são o
ex-presidente Lula e o ativista ambiental Francisco Alves Mendes Filho,
conhecido como Chico Mendes, que foi assassinado em 1988.
Em 2010, Marina Silva se candidatou ao Planalto
pelo Partido Verde (PV) e obteve no primeiro turno 20% das intenções de voto. À
época, disputaram o segundo turno Dilma Rousseff (PT) e o ex-governador de São
Paulo José Serra (PSDB).
Beto
Albuquerque
Líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque está no seu quarto mandato consecutivo como deputado federal pelo partido. Gaúcho natural de Passo Fundo, o político já trabalhou para o governador petista Tarso Genro como secretário de Infraestrutura e Logística de 2010 a 2012.
Líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque está no seu quarto mandato consecutivo como deputado federal pelo partido. Gaúcho natural de Passo Fundo, o político já trabalhou para o governador petista Tarso Genro como secretário de Infraestrutura e Logística de 2010 a 2012.
Nas eleições de 2014, abriu mão de tentar a
reeleição à Câmara dos Deputados para disputar uma vaga no Senado Federal e,
segundo recente pesquisa eleitoral, estava em terceiro lugar na intenção de
voto. A candidatura atendia a um pedido do partido, que apoia a candidatura do
peemedebista José Ivo Sartori ao governo do Rio Grande do Sul.
tópicos:
·
PSB