DIARIO DE GUARAREMA

domingo, 29 de novembro de 2015


Quando parecia uma pausa, novas bombas na política

qui, 26/11/2015 - 00:01
Atualizado em 26/11/2015 - 13:38
Luis Nassif

Quando se pensava que haveria uma trégua política da Lava Jato, surge o inesperado: as denúncias que levaram à cadeia o senador Delcídio Amaral e o banqueiro André Esteves.
A prisão não decorreu diretamente da Lava Jato. Delcídio tentou convencer Nestor Cerveró a desistir da delação premiada. Prometeu interceder para libertar Cerveró e providenciar sua fuga para a Espanha. O filho de Cerveró, Bernardo, acertou com a Procuradoria Geral da República entregar Delcídio em troca de aliviar a prisão do pai.
O grampo resultou em um inquérito novo, da Polícia Federal de Brasília, sem a intervenção do juiz Sérgio Moro.

***
Todo o envolvimento de Delcídio visava abafar as investigações sobre os negócios do BTG com a Petrobras na África. De posse do grampo, o Procurador Geral Rodrigo Janot encaminhou pedido ao STF (Supremo Tribunal Federal) para deter Delcídio. Ontem de manhã o STF autorizou a prisão e, no final do dia, o Senado convalidou a prisão.
***
Há um conjunto amplo de desdobramentos nesse episódio.
O primeiro é o fato de Delcídio ser o líder do governo no Senado, e parlamentar com amplo trânsito em todos os partidos.
O segundo é que a degravação dos grampos joga um foco de luz em um personagem misterioso: Gregorio Preciado, o espanhol casado com uma prima do Senador José Serra e seu parceiro histórico
Segundo as conversas entre Delcídio, Bernardo e seu advogado, Preciado era sócio e o verdadeiro operador por trás de Fernando Baiano, o lobista do PMDB na Petrobras.
Delcídio conta que, assim que o nome de Preciado foi mencionado, dias atrás, Serra passou a rodeá-lo visando buscar informações.
***
Velho operador da Petrobras, em um dos trechos Delcídio revela que quem abriu a Petrobras para Preciado foi Paulo Roberto Costa, atendendo a ordens “de cima”. Na época, o governo ainda era de Fernando Henrique Cardoso e Serra Ministro influente.
***
Pelas tendências reveladas até agora, dificilmente Sérgio Moro e a Lava Jato abririam investigação sobre Preciado. Pode ser que as novas investigações, feitas a partir de Brasília, revelem maior independência.
***
Obviamente, em nada ameniza a situação do PT, do governo e do próprio Congresso.
Para prender Delcídio, o PGR e o STF valeram-se de uma certa esperteza jurídica: incluíram nas investigações um assessor de Delcídio, meramente para compor o número 4, mínimo para caracterizar uma organização criminosa.
Com a prisão de Delcídio, abre-se caminho para avançar sobre outros políticos. O STF assume um protagonismo, em relação direta com as bazófias de Delcídio nas gravações, arrotando suposta influência sobre Ministros do Supremo.
***
Outro ponto de turbulência é a prisão de André Esteves.
Particularmente não tenho a menor simpatia por Esteves. Esteve envolvido com os rolos do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), calou a imprensa com subornos milionários, não tem limites. Quando passei a denunciar as jogadas com o CARF, ele conseguiu me calar na Folha.
Mas, por outro lado, o Pactual assumiu um papel central em vários projetos relevantes para a retomada do crescimento.
***
Aliás, será curioso conferir nos jornais de hoje o tratamento dado à prisão de André Esteves. Certamente será bastante poupado, se não por gratidão, ao menos por receio.

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André Esteves
Delcídio do Amaral
Nestor Cerveró
Fernando Baiano
Gregório Preciado
José Serra


às 06:16

Delcídio para nós, por Jânio Freitas

dom, 29/11/2015 - 10:50 - GGN - LUIS NASSIF ONLINE

"Investigadores suíços confirmaram, lá por seu lado, que Nestor Cerveró tinha dinheiro na Suíça. Procedente de suborno feito pela francesa Alstom, na compra de turbinas quando ele trabalhava com Delcídio, então diretor Gás e Energia da Petrobras em 1999-2001, governo Fernando Henrique"

Folha de S.Paulo
Delcídio para nós, por Jânio Freitas

 As dúvidas sobre a propriedade da prisão de Delcídio do Amaral, decretada por cinco ministros do Supremo Tribunal Federal, vão perdurar por muito tempo. Assim como a convicção, bastante difundida, de que a decisão se impôs menos por fundamento jurídico e equilíbrio do que por indignação e ressentimento com a crença exposta pelo senador, citando nomes, na flexibilidade decisória de alguns ministros daquele tribunal, se bem conversados por políticos.

Às dúvidas suscitadas desde os primeiros momentos, estando o ato do parlamentar fora dos casos de prisão permitida pela Constituição, continuam tendo acréscimos. O mais recente: Delcídio planejou a obstrução judicial que fundamentou a prisão, mas não a consumou. E entre a pretensão ou tentativa do crime e o crime consumado, a Justiça reconhece a diferença, com diferente tratamento.

A sonhadora reunião de Delcídio até apressou a delação premiada de Nestor Cerveró, buscada sem êxito pela Lava Jato há mais de ano. Ali ficou evidente que seu advogado Edgar Ribeiro estava contra a delação premiada. Isso decidiu o ex-diretor da Petrobras, temeroso, a encerrar aceitá-la, enfim.

Em contraposição às dúvidas sem solução, Delcídio suscitou também temas e expectativas que tocam a preocupação ou a curiosidade de grande parte da população. Sabe-se, por exemplo, que Fernando Soares, o Baiano, ao fim de um ano depositado em uma prisão da Lava Jato, cedeu à delação premiada. O mais esperado, desde de sua prisão, era o que diria sobre Eduardo Cunha e negócios com ele, havendo já informações sobre a divisão, entre os dois, de milhões de dólares provenientes de negócios impostos à Petrobras.

Informado dos depoimentos de Baiano, eis um dos comentários que o senador faz a respeito: ele "segurou para o Eduardo". Há menções feitas por Baiano que não foram levadas adiante pela escassa curiosidade dos interrogadores. Caso, por exemplo, de um outro intermediário de negociatas citado por Baiano só como Jorge, sem que fossem cobradas mais informações sobre o personagem e seus feitos. Mas saber tudo o que há de verdade ou de fantasia em torno do presidente da Câmara é, neste momento, uma necessidade institucional e um direito de todo cidadão.

Se Fernando Baiano "segurou para Eduardo Cunha", a delação e os respectivos prêmios -a liberdade e a preservação de bens- não coincidem com o que interessa às instituições democráticas e à opinião pública. E não se entende que seja assim.

Entre outras delações castigadas de Delcídio, um caso esquisito. Investigadores suíços confirmaram, lá por seu lado, que Nestor Cerveró tinha dinheiro na Suíça. Procedente de suborno feito pela francesa Alstom, na compra de turbinas quando ele trabalhava com Delcídio, então diretor Gás e Energia da Petrobras em 1999-2001, governo Fernando Henrique. A delação do multipremiado Paulo Roberto Costa incluiu o relato desse suborno. Mas a Lava Jato não se dedicou a investigá-lo e o procurador-geral da República o arquivou, há oito meses. Os promotores suíços foram em frente.

Na reunião da fuga, Delcídio soube com surpresa, por Bernardo, que Cerveró entregara o dinheiro do suborno ao governo suíço, em troca de não ser processado lá. É claro que a Lava Jato e o procurador-geral da República estiveram informados da transação. E contribuíram pela passividade. Mas o dinheiro era brasileiro. Era da Petrobras. Foi dela que saiu sob a forma de sobrepreço ou de gasto forçado. Não podia ser doado, fazer parte de acordo algum. Tinha que ser repatriado e devolvido ao cofre legítimo.

A Procuradoria Geral da República deve o esclarecimento à opinião pública, se fez repatriar o dinheiro do suborno ou por que não o fez. E, em qualquer caso, por que não investigou para valer esse caso. Foi ato criminoso e os envolvidos estão impunes. Com a suspeita de que o próprio Delcídio seja um deles, como já dito à Lava Jato sem consequência até hoje.

Mas não tenhamos esperanças. Estamos no Brasil e, pior, porque a ministra Cármen Lúcia, no seu discurso de magistrada ferida, terminou com este brado cívico: "Criminosos não passarão!" [toc-toc-toc, esconjuro] Foi o brado eterno de La Passionaria em Madri, que não tardou a ser pisoteada pelos fascistas de Franco. De lá para cá, em matéria de ziquizira, só se lhe compara aquele [ai, valei-me, Senhor] "o povo unido jamais será vencido", campeão universal de derrotas.

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Jose de Almeida Bispo

"Nos barracos da cidade

dom, 29/11/2015 - 11:21
"Nos barracos da cidade ninguém mais tem ilusão"
Está claro para o povo, mesmo para os que aceitam e torcem por isso, que o STF é um palanque; a Justica é um palanque, o Ministério Público é um palanque, quando se trata de assuntos pertinentes ao PT.
NINGUÉM MAIS DUVIDA.
Pergunte a dez pessoas do povão que esteja antenado com o clima golpista desenvolvido nos últimos dez anos e, talvez dois ou três ache que é justiçã; o resto, conrodante ou discordando frontalmente vai dizer aquilo que é extremamente previsível: quando se trata do PT, A Justiça e o Ministério Público são palanques de oposição. O resto são firulas. Tecnicalidades pra encher olhos dos abestalhados de folhas.
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às 06:05


Uma Paris todos os dias

29/11/2015 03h00- CLOVIS ROSSI
51
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Em "Cadernos de Política Exterior", publicação semestral de fundação ligada ao Itamaraty, Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão Independente Internacional de Investigação sobre a Síria, faz um relato aterrador das condições de vida nos territórios conquistados pelo Estado Islâmico.
Trecho: "O EI continua a cometer violações generalizadas contra a população civil, com impunidade. O grupo terrorista tem realizado execuções públicas, às vezes usando crianças como seus carrascos, em todo o território que controla. (...) O EI detém mais de mil mulheres e meninas da minoria yazidi em escravidão sexual. Vendidas e revendidas, meninas de até nove anos são submetidas a estupros e espancamentos repetidos".
Mais: "O grupo terrorista lançou vídeos mostrando um pelotão de fuzilamento formado por crianças executando homens capturados em Palmira, bem como um vídeo de uma criança de dez anos cortando a garganta de um soldado capturado em Homs".
É o retrato, bem piorado, de uma Paris todos os dias, de violências praticadas contra uma população de 250 mil pessoas tomada como refém.
No entanto, foi só depois que o Estado Islâmico atacou a capital francesa que as Nações Unidas resolveram aprovar resolução em que solicitam aos Estados-membros que combatam a facção terrorista.
Tudo a favor da resolução, tudo a favor da solidariedade às vitimas francesas (ou russas ou tunisianas ou libanesas). Mas tudo contra a omissão que permitiu a instalação, primeiro, e a manutenção, depois, de um grupo bárbaro no comando de um vasto território repartido entre o Iraque e a Síria.
Agora não há saída fácil, nem militar nem política.
O centro Carnegie Europe fez uma tomada de opiniões a respeito de se a Europa –a que mais se está mobilizando após Paris– seria capaz de derrotar o EI.
Nenhum dos especialistas consultados acredita que só ataques aéreos resolvam.
Andrew Michta (Colégio de Guerra Naval dos EUA) põe o acento no que todo mundo evita:
"Qualquer estratégia que objetive derrotar o EI tem que incluir uma campanha terrestre para destruir o santuário que os islamistas estabeleceram na Síria e no Iraque".
Nem a França, ferida, nem os Estados Unidos, escaldados pela confusão que ajudaram a armar na região, nem a Rússia, de ímpetos imperialistas renascidos com Putin –ninguém, enfim, aceita o remédio de Michta.
Concorde-se ou não com a timidez, ela é compreensível: a esmagadora maioria dos especialistas diz que, sem estabilizar a Síria, em guerra civil há quatro anos, não há como combater eficazmente o Estado Islâmico.
O problema é que estabilizar a Síria implica aceitar o ditador Bashar al-Assad, cuja violência repressiva está na origem da guerra civil.
Até a França, que exigia Assad fora do jogo, agora diz, por seu chanceler, Laurent Fabius, que "forças no terreno, que não podem ser as nossas, devem ser as forças do Exército Livre Sírio [de oposição], forças árabes sunitas [como o EI] e, por que não?, forças do regime".
Tudo somado, tem-se que a Síria morreu para nada.
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Mundo vê prisões da Lava Jato como ‘bomba nuclear’ que faz tremer o país
24

Daniel Buarque
27/11/2015 10:32
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Prisões da Lava Jato são 'bomba nuclear' e fazem tremer o país, diz mídia internacional

Prisões da Lava Jato são 'bomba nuclear' e fazem tremer o país, diz mídia internacional
As recentes prisões do senador Delcídio do Amaral e do banqueiro André Esteves foram sentidas como uma “bomba nuclear'' na política brasileira, segundo uma reportagem da agência Reuters publicada pelo site de economia “Business Insider''. O escândalo faz tremer o mundo político brasileiro, segundo o jornal francês “Le Monde''.
Prisões da Lava Jato são 'bomba nuclear' e fazem tremer o país, diz mídia internacional

Prisões da Lava Jato são 'bomba nuclear' e fazem tremer o país, diz mídia internacional
As primeiras reportagens na imprensa estrangeira sobre o avanço da Operação Lava Jato pareciam dar um destaque maior à prisão do banqueiro de que à do senador e líder do governo. Os principais sites de finanças do mundo foram rápidos em analisar o impacto da prisão da “estrela'' da economia brasileira, como Esteves era conhecido.
Só agora, com um pouco mais de tempo para interpretar os fatos, o impacto político das prisões começa a ser estudado pela mídia internacional. Isso é normal. A imprensa estrangeira tradicionalmente reage de forma mais lenta na cobertura de notícias do Brasil, então as reportagens mais aprofundadas começaram surgir agora.
Segundo a Reuters, as prisões vão aprofundar a crise política no país e complicar o trabalho do governo de Dilma Rousseff no Congresso.
O Monde destacou logo no início do texto a fala do ex-presidente Lula, que chamou as declarações do senador preso uma “idiotice''. “Descrito como PT, mas não muito, o senador Amaral é acusado de atrapalhar a Justiça'', diz.
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Tags : Le Monde Corrupção Justiça Política
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Dr Livingstone

ontem
Estes episódios vão ser de grande valia na construção da nova identidade brasileira. Não apenas os corruptos que roubam dinheiro do governo, mas vcs que pagam o despachante para tirar CNH, que estacionam seu veículo na vaga do deficiente, que furam a fila do supermercado, que compram gabaritos de exames de concursos, que andam velozes pelo acostamento na rodovia para chegar primeiro, e outros tantos oportunismos que compõe a nossa medíocre nacionalidade.



às 05:46




às 05:28



"Nó cego" e "mar de lama"; veja o que a OAB já disse sobre impeachment
3

Leandro Prazeres
Do UOL, em Brasília
29/11/201506h00

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  • Lula Marques/Folhapress - 01.09.1992
Nesta semana, o Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) deverá votar um relatório sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). O documento que está sendo elaborado por integrantes da entidade vai avaliar se há elementos suficientes para pedir o afastamento da presidente. Somente depois de votar o parecer é que a OAB vai se manifestar oficialmente sobre o impeachment de Dilma.
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Esta não é, porém, a primeira vez que a OAB vai se manifestar sobre o afastamento de um presidente. Em 1992, a OAB foi coautora do pedido de impeachment que resultou na queda do ex-presidente e hoje senador Fernando Collor de Melo (então no PRN e hoje no PTB de Alagoas).
Collor foi acusado por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) de ter recebido dinheiro fruto de cobrança de propina pelo ex-tesoureiro de sua campanha, Paulo César Farias. O dinheiro pagaria despesas pessoais do então presidente e chegaria a Collor por meio de depósitos em contas fantasmas. Em setembro de 1992, a OAB ingressou com um pedido de impeachment contra Collor na Câmara dos Deputados. O documento reunia uma série de indícios de irregularidades e análises sobre a situação vivida pelo país na época.
"Falta ao denunciado dignidade para o exercício do cargo de presidente da República", dizia a denúncia feita pela OAB que também defendia que a única saída para o país era a saída de Collor.
O nó cego da crise política, econômica, financeira e social do Brasil somente poderá ser desatado pelas vias constitucionais se não tolhermos, nessa vocação histórica do impeachment presidencial
Em 2006, a OAB se manifestou novamente sobre o afastamento de um presidente. À época, o país ainda absorvia as revelações sobre o caso mensalão e o governo enfrentou uma série de pedidos de impeachment.
À época, assim como agora, a OAB criou uma comissão para avaliar as evidências em torno da participação do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no esquema do mensalão, que consistia no desvio de recursos públicos para a compra de apoio parlamentar no Congresso Nacional.
Diversos líderes do PT com o então ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e o ex-presidente nacional do partido José Genoíno foram condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) pelas suas participações no esquema. Lula, no entanto, que alegou não conhecer o esquema, não foi
O relatório escrito pelo advogado Sérgio Ferraz, porém, concluiu que Lula tinha responsabilidade no caso e deveria passar pelo processo de impeachment.
"Não há como separar o presidente da República, de todo o mar de lama, em que patinavam seu ministro mais poderoso (o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu)", dizia o parecer. Para Ferraz, a corrupção do caso mensalão era superior à da época do ex-presidente Collor.
A podridão do Planalto exala hoje um odor muito mais nauseabundo e mefítico que nos tempos da 'Casa da Dinda'
Apesar do parecer de Ferraz propor ao Conselho Federal que a OAB ingressasse com um pedido de impeachment contra Lula, o relatório foi rejeitado por 25 votos contrários, sete a favor e um voto nulo.
Com a rejeição, a OAB não ingressou com um pedido de impeachment contra Lula, mas encaminhou uma notícia-crime (uma forma de denúncia) à Procuradoria-Geral da República para que as investigações contra Lula fossem aprofundadas.
Em 1999, o então presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi alvo de um pedido de impeachment formulado por partidos de oposição, entre eles o PT. FHC era acusado de ter cometido crime de responsabilidade na execução do Proer (Programa de Estímulo e Reestruturação do Sistema Financeiro Nacional). Diferentemente do que aconteceu em 2006, a OAB não chegou a criar uma comissão para avaliar a base jurídica para o impeachment de Collor. O então presidente da OAB Reginaldo de Castro afirmou que o pedido não teria respaldo jurídico.

Dilma

A comissão montada para avaliar a base jurídica para um impeachment de Dilma deve divulgar o seu parecer entre os dias 2 e 4 de dezembro. Assim como em 2006, quando o alvo era o ex-presidente Lula, o parecer deverá ser votado pelos integrantes do Conselho Federal da OAB. Cada um dos 26 Estados e o Distrito Federal têm direito a um voto. Outros sete membros honorários do conselho também têm direito a voto. Para que o parecer seja aprovado ou rejeitado, é preciso obter metade mais um dos votos. Só depois dessa votação é que a OAB deverá se posicionar oficialmente sobre se apoia ou não o impeachment da presidente Dilma.
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Relembre casos e polêmicas do ex-presidente Fernando Collor de Mello15 fotos

9 / 15
Impeachment: Em 29 de setembro de 1992, o impeachment de Collor foi aprovado na Câmara dos Deputados por uma maioria esmagadora de 441 votos (bastavam 336) contra 38. Collor foi afastado compulsoriamente do cargo por 180 dias, e seu vice, Itamar Franco, assumiu o cargo interinamente em 2 de outubro Jorge Araújo/Folha Imagem - 29.09.1992
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às 05:24

Ruína ético-financeira virou a kriptonita de Lula
167

Josias de Souza
28/11/2015 21:51
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Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado revela: 47% dos eleitores dizem que jamais votariam em Lula. Entre os potenciais presidenciáveis nenhum outro ostenta taxa de rejeição tão vistosa. Aécio é refugado por 24% do eleitorado. Alckmin e Marina são enjeitados por 17% dos pesquisados.
A três anos de 2018, Lula tornou-se um ex-Lula também quando medido pela taxa de intenção de votos. Num cenário com Aécio, o tucano lidera a sondagem com 31%, nove pontos percentuais acima de Lula (22%). Marina (21%) aparece grudada nos calcanhares de vidro do morubixaba petista, tecnicamente empatada com ele. Num hipotético segundo turno entre Aécio e Lula, o tucano prevaleceria por 51% a 32% se a eleição fosse hoje.
Substituindo-se Aécio por Alckmin, Marina assume a liderança com 28% —seis pontos percentuais à frente de Lula (22%) e dez pontos adiante de Alckmin (18%). Num segundo turno entre Marina e Lula, a candidata da Rede venceria a eleição por 51% a 31%. Num tira-teima entre PSDB e PT, Alckmin venceria Lula por 45% a 34%.
Lula caiu do pedestal, eis a principal informação contida na sondagem do Datafolha. Ele já foi pessoalmente imbatível. Em 2006, reelegeu-se cavalgando o escândalo do mensalão. Em 2010, eletrificou Dilma, seu poste. No ano passado, apesar do estrago promovido pelos delatores da Petrobras, conseguiu novamente carregar a pupila nas contas, mesmo tendo que anabolizar a propaganda de João Santana.
Hoje, Lula tornou-se o fardo de si mesmo. A ruína ético-financeira que carcome a gestão da falsa gerentona exerce sobre Lula os efeitos de uma espécie kriptonita, a pedra usada na ficção pelos inimigos do Super-Homem para minar-lhe os superpoderes. A diferença entre realidade e ficção é que Lula não precisou de nenhum Lex Luthor para se tornar um político convencional.
Lula dispensa oposicionistas. O melado que escorre da Lava Jato teve origem na sua administração. O escândalo caiu no colo da sucessora, que teve de abolir do vocabulário sua expressão favorita: “herança maldita”. De resto, a capacidade gerencial de Dilma é uma fábula 100% criada por Lula.
No final dos seus dois reinados, em 2010, Lula era considerado o melhor presidente que o Brasil já teve por 71% dos eleitores. No final de 2014, o índice despencou para 56%. No último mês de abril, caiu pra 50%. Hoje, apenas 39% avaliam que nunca antes na história desse país houve um presidente como Lula. Depois de tanta tempestade, começa a chegar a cobrança.


às 05:19

sábado, 28 de novembro de 2015


Reuniões de Delcídio tinham ritual antigravação
431

Josias de Souza
26/11/2015 02:25
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As reuniões em que o senador Delcídio Amaral negociava o silêncio do delator Nestor Cerveró eram precedidas de um ritual para evitar gravações ambientais. Recolhidos antes do início da conversa, os telefones celulares dos presentes eram mantidos à distância. A divulgação de conversas como a reproduzida acima, na qual Delcídio fala em “centrar fogo no STF” para obter um habeas corpus para Cerveró e melar a Operação Lava Jato, revela que, a despeito do zelo, o senador caiu numa emboscada.
Em 4 de novembro, Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor Internacional da Petrobras, recebeu Delcídio no quarto do hotel em que estava hospedado: o Royal Tulip, hospedaria chique de Brasília, próxima do Palácio da Alvorada. O senador estava acompanhado do seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, e do advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro. Como de praxe, recolheram-se os celulares. Foram enfiados dentro de um armário. Mas Bernardo havia transformado o quarto de hotel numa arapuca eletrônica.
O filho de Cerveró munira-se de quatro equipamentos de gravação. Adormeceu. Quando as visitas chegaram, teve tempo de acionar apenas dois: um celular sobressalente, guardado no bolso da calça, e um minigravador. O áudio entregue por Bernardo à força-tarefa da Lava Jato tornou-se a prova que fez de Delcídio um personagem histórico: o primeiro senador da República a ser preso em pleno exercício do mandato.
A certa altura, Diogo Ferreira, o assessor de Delcídio, enxergou, pendurado na alça da mochila de Berbardo Cerveró, um chaveiro que trazia embutido um microgravador. Ressabiado, o chefe de gabinete do senador aproximou-se da mochila, ligou a televisão e aumentou o volume. Ao perceber o incômodo, Bernardo recolheu mochila e colocou-a dentro do mesmo armário em que se encontravam os celulares. O “chaveiro-espião” estava desligado, contaria Bernardo ao Ministério Público mais tarde. Os visitantes tranquilizaram-se.
Como os peixes do seu Mato Grosso do Sul, Delcídio morreu pela boca. Além sugerir que teria acesso a quatro ministros do STF, com a ajuda do “Michel” e do “Renan”, ele revelou que providenciaria junto ao banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, um mensalão de R$ 50 mil para a família Cerveró, além de recursos para custear a fuga do patriarca até a Espanha, depois que a quadrilha arrancasse um habeas corpus do STF. O senador não deixou alternativa para os magistrados do Supremo. Ou mandavam prendê-lo ou desmoralizavam-se.


às 17:15



Lava Jato exibe lado de dentro do nosso abismo
118

Josias de Souza
28/11/2015 05:53
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Que semana! Entre a terça e a quarta, foram em cana o amigo de Lula, José Carlos Bumlai, e o líder de Dilma, Delcídio Amaral. Na sexta, descobriu-se que a Andrade Gutierrez, segunda maior empreiteira do país, entregou os pontos. Pagará multa de R$ 1 bilhão e confessará crimes que vão muito além da Petrobras. O país virou uma espécie de trem fantasma rumo ao precipício.
Para muitos, o mensalão foi a beira do abismo. O petrolão é a vivência do abismo. Com sua vocação para a busca das verdades mais profundas, sem limites, a força-tarefa da Lava Jato apresenta ao Brasil o lado de dentro do abismo. A caminho das profundezas, o brasileiro percebe que, vista desde o buraco, a crise é mais nítida. O grotesco ganha uma fabulosa visibilidade.
No abismo, o hipócrita tem cara de hipócrita, a incompetente tem jeitão de incompetente. E o séquito de canalhas tem a aparência de um cortejo de canalhas. Olhando de baixo, percebe-se com mais clareza a teia.
Delcídio tentou silenciar Nestor Cerveró, que coordenou a compra de Pasadena, que foi avalizada por Dilma, que era a bambambã do governo Lula, que é amigão de José Carlos Bumlai, que é pai de Fernando Barros Bumlai, que é marido de Neca Chaves Bumlai, que é filha de Pedro Chaves dos Santos, que é suplente de Delcídio, que monitorava os humores de Bumlai a pedido de Lula, que não sabia de nada.
Um país inteiro tem que cair para salvar a pantomima. Só a derrota nacional salva o grupo hegemônico.

às 17:09
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