Inauguração da
Avenida.
É para ficar contente pois mais
um obra concluída. Dinheiro foi gasto, trabalhadores e trabalhadoras tiveram
trabalho, a economia se movimentou.
É também triste pois isto, quer
dizer, esse fato encerra e comemora mais uma vez, forma de administração pública conhecida como de
catástrofes e situações de risco. Nessa circunstância não interessa ao poder
público prevenir catástrofes, principalmente as de uso e ocupação da terra. É o que
imagino pois sempre está chegando verba,
verbinha, para consertar as coisas. O que o estafeta do momento não vê, o
ignorante, antes de liberar a verba é, por quê, mesmo?
Nem todas as prefeituras passam
por isso. Mas, a prefeitura do Rio de Janeiro está sempre recebendo verbas e
pedindo socorro por causa das catástrofes, prometem um monte de casas para a
população atingida por enchentes e desbarrancamento mas não tomam providências
nenhuma, praticamente nenhuma casa. Afinal, nem acabaram de usar a
verba-catástrofe...Aliás, teve caso em que a verba sumiu e a
prefeitura está sofrendo processo para dar conta do valor que deveria vir para
ajudar o necessitado.
Lembro-me da Av. João Barbosa de
Oliveira, aquela que desbarrancou no início do
ano anterior e os acontecimentos que levaram até ao fechamento da via.
Durante um longo tempo, meses, os moradores e comerciantes da região amargaram
um fechamento que podia não ter acontecido. Até correu uma história de uma
agressão ao Prefeito por parte de um comerciante que estava enfurecido. É o que
se fala, ainda. Pode perguntar por aí.
Também me lembro que cheguei a
reclamar o fato de volta e meia, o funcionário da prefeitura, o condutor da
escavadeira, ao passar a máquina para limpar os resíduos que rolaram do morro por vários motivos, principalmente após alguma
chuva forte, nessa pazada (pazada de pá...),
acabava fazendo corte indevido na base do morro.
Ora, todo mundo via que aquele
corte só prejudicaria ainda mais o morro e teria mais deslizamentos... Afinal,
você pensa: quem ensinou o incauto trabalhador a fazer exatamente o errado? Eu
também pensei todo esse tempo que levou para fazer a obra, essa nova via,
usando um dinheiro que poderia ser, por exemplo, para colocar mais
funcionários, atendentes, auxiliares, enfermeiros e enfermeiras, médicos e
médicas plantonistas ou não, à disposição de uma qualidade permanente de
atendimento, na saúde, na Santa Casa ! Ou, se aceitarmos o correto, nem
precisar usar verba federal que poderia ajudar a população pobre dos outros
municípios menos contemplados economicamente.
Mas, cuidar da saúde com
seriedade não se faz. Acho que é para
ensinar a população que ela deve ficar no lugar dela, aceitar as piores condições
e não reclamar. Pensam que se a criança crescer vendo que o precário é o
precário, nunca terá parâmetro de qualidade para dizer: - mas, porque isso
piorou?
Talvez só se possa fazer isso
quando mudar o prefeito para alguém que tenha, em primeiro lugar, o compromisso
com o povo. O povo tem que experimentar, mas sem errar. Depois de ver uma
administração democrática e popular, que recebe com carinho e admiração àquele
ou àquela que porventura reclamar, apontar um erro ou uma insuficiência, num
ato de cidadania, aí sim, terá parâmetros para dizer: isto é melhor. Isto
também, aquilo, melhor ainda, aliás tudo é melhor. Caramba, Chê. Porque
demoramos tanto para descobrir o óbvio?
Vamos em frente que tem mais
assunto.
Um abraço. Julio Miyazawa