Dissidentes da Rede Sustentabilidade lançam carta por novo partido
O Raiz Movimento Cidadanista quer ser uma "alternativa política" formada por dissidentes da Rede que abandonaram Marina Silva quando ela declarou apoio a Aécio Neves (PSDB) nas eleições
por Redação — publicado 27/03/2015 18:13
Em sua carta de princípios, o Raiz Movimento Cidadanista destaca o "respeito ao bem viver e ao bem comum" e a defesa de um projeto de ecossocialismo. A íntegra da carta pode ser lida no arquivo anexado à direita.
OBS. A CARTA DE PRINCÍPIOS ESTÁ EM ARQUIVO PDF QUE NÃO FOI POSSIVEL ANEXAR AO BLOG, PORTANTO, COMO PROVIDENCIA INICIAL, REPRODUZI, COMO FOI POSSIVEL, O TEXTO PDF EM TEXTO DO WORD PARA LEITURA, ABAIXO.
Carta
Cidadanista
movimento cidadanista
NÓS SOMOS
MUITOS e MUITAS. Feminino e masculino juntos. Brasileiras e Brasileiros.
De todas as
cores e identidades, gêneros e transgêneros. Índios, negras,
brancos,
amarelas, pardos, mamelucas, cafuzos, mestiças. Somos estudantes,
trabalhadores,
aposentados,
empreendedores, jovens, anciãos, adultos, crianças.
Somos
migrantes, viemos de todos os lugares, de todos os continentes, das
cidades,
das florestas, dos campos, das montanhas, dos rios, dos litorais. Somos
diversidade,
mistura, inclusão e exclusão, visíveis e invisíveis, desabrigo e
acolhimento.
E não paramos de chegar: haitianos, bolivianos, africanos de várias
nações,
chineses, sírios, gente de todas as partes.
Aqui
estávamos quando outros vieram, aqui chegamos quando outros estavam,
atravessamos
oceanos e nos mesclamos. Estamos nas fábricas, lojas,
escolas,
oficinas, terras, ruas e redes; somos batalhadores, sonhadores, criativos,
sofredores, esforçados, solidários, precários, inventivos e invisíveis. Vivemos,
criamos,
produzimos, inventamos, consumimos, desejamos, amamos,
queremos,
podemos. Tudo passa por nossas mãos, corações e mentes, até
aquilo que
não será nosso, até aquilo que não queremos e não conhecemos.
SOMOS
MUITAS. E somos quem sustenta as minorias que se sustentam
das
maiorias. Darcy Ribeiro dizia: “o Brasil sempre foi, ainda é, um moinho de
gastar
gentes. Construímo-nos queimando milhões de índios. Depois, queimamos
milhões de
negros. Atualmente, estamos queimando, desgastando milhões
de mestiços
brasileiros, na produção não do que eles consomem, mas do
que dá
lucro às classes empresariais”. Mas não só gente. Gastamos nossa fauna
e flora,
terra e água, nossa vida.
SOMOS
MUITOS, mas nossa vontade não é respeitada. Somos a multiplicidade
que produz,
mas a riqueza que produzimos não é dividida conosco. Somos
os que mais
pagam impostos, mas eles não retornam na forma de serviços públicos
de
qualidade, com boa educação, boa saúde, boa segurança, boa moradia,
bom lazer,
boa cultura, bom transporte e boas cidades. Nem os bens e serviços
que pagamos
ao mercado nos são bem prestados. Falta fiscalização, falta qualidade,
falta
respeito. “Somos os 99%”. E estamos indignados.
Por isso
fomos às ruas. Para espanto de todos, em meio ao asfalto, nasceu
uma flor,
uma flor com nossa cara, com nosso jeito, desencontrada, uma flor
com a cara
da multidão, singular e plural ao mesmo tempo; uma flor da revolta,
da indignação, do nojo.
Também uma
flor da esperança.
Não nos
escutaram. “Tanta coisa
que não
cabia em um cartaz”, tantas
vozes em
revolta, tanta gente junta,
gritando do
fundo da garganta, rompendo
o silêncio.
E ainda assim, não
nos
escutaram. Promessas vazias,
ações
paliativas. Muita repressão,
perseguições,
provocações; manipulações,
marquetagem,
cooptações. E
não nos
escutaram.
Podem mudar
os rostos, os gestos,
partidos ou
siglas, mas ainda assim seguem
sendo os
mesmos a mandar e
a tirar do
povo. E quando outros rostos
ganham
força política, são cooptados
para servir
os que já mandam. É o
que o país
assiste de forma escancarada
nas
relações promíscuas entre casta
econômica e
a casta política. Nossa
democracia
é sequestrada pela força
do dinheiro e corrompida pelo poder.
5
Definitivamente.
Não nos escutaram. E continuam não escutando. As eleições
de
2014 foram um jogo de ilusões. Ideias vazias, promessas vãs, mentiras,
negociatas
entre as castas econômicas e políticas. Independente de partido,
o
que tem havido a cada eleição, desde sempre no Brasil, tem sido o uso
despudorado
do poder e mesmo da democracia para favorecer privilégios econômicos
e
políticos, nunca uma democracia de verdade, jamais uma democracia
real.
Sempre os mesmos senhores.
Em
que pese o processo de relativa estabilidade econômica e inclusão social
desencadeado
no Brasil nas duas últimas décadas, este período também teve um
forte
sentido regressivo, com diminuição do patrimônio público e da biodiversidade,
aumento
do endividamento do Estado, precarização do trabalho e, sobretudo,
redução
do horizonte utópico. O acesso aos bens não foi suficientemente acompanhado
da
oferta de serviços públicos de qualidade e muito menos no fortalecimento
de
valores como a solidariedade e a sustentabilidade. Confundiu-se inclusão
social
com consumismo, abandonando a ideia de emancipação.
Não
queremos buscar o poder pelo poder, disputar aparatos, seja associações
de
moradores, sindicatos ou aparelhos do Estado, em que o poder deixou
de
ser um meio de transformação da realidade para tornar-se um fim em si mesmo.
Para
corresponder às expectativas da sociedade, não queremos repetir os
modelos
organizativos do passado. Queremos horizontalidade e interatividade
nas
instâncias deliberativas, garantindo o efetivo empoderamento das pessoas
para uma nova forma de fazer
política.
Queremos
ser um ator político que se comunique com a “linguagem comum
das ruas”,
que se construa a partir das propostas e reivindicações que
surgem das
mobilizações sociais, ambientais, culturais e políticas, com a participação
livre e
aberta a qualquer cidadão.
O
reconhecimento desta pluralidade não implica uma postura conciliatória
em relação
aos setores que estão comprometidos, de diferentes formas,
com a
manutenção do sistema de exploração e domínio em vigor, seja pela
dominação
ideológica, econômica ou política. Esta dominação é articulada
pela
aliança escusa entre grandes corporações econômicas, midiáticas
e
financeiras e os governos que lhes são subalternos, por
isso é
necessário romper com falsas polarizações e buscar
uma
alternativa real e concreta de transformação
social.
E para já !
A
alternativa possível ao modelo vigente
de
globalização é a construção de uma cidadania
planetária,
que promova a cooperação e a solidariedade.
Onde
prevaleçam a identidade e os interesses dos
povos, a
eliminação das desigualdades socioeconômicas e o intercâmbio de
toda
diversidade cultural. É um processo lento, relacionado ao futuro da vida
no planeta.
Pois, independentemente da nacionalidade, somos habitantes do
mesmo país, da mesma Terra.
Há que
mudar a lógica do Sistema. “Os de acima abaixo e os de
abaixo
acima”, pois em uma democracia real “o povo manda e o governo
obedece”.
Ou assumimos este objetivo com coragem, clareza
e
determinação ou jamais mudaremos. E há exemplos de que pode
ser assim.
Da vitória do Syriza na Grécia ao Podemos da Espanha.
Dos
zapatistas no México à democracia direta na Islândia. Temos
também os
nossos vizinhos; a Bolívia, com a organização
dos
indígenas e pobres e o primeiro presidente
indígena
das Américas; o processo constituinte no
Equador; o
Uruguai da revolução tranquila; a cidade
de
Medellín, na Colômbia, antes conhecida
pelo cartel
das drogas e hoje reconhecida
como a
cidade mais inovadora do mundo.
O mundo
todo está atento às novas formas de
organização
política, vinculados a movimentos desgarrados
dos velhos
aparelhos, representando novos ativismos,
com uma
práxis renovada e horizontal. Por isso, convidamos
aqueles
empenhados na busca de um “outro mundo
possível”
que se unam no esforço pela construção de uma alternativa
política
ampla, diversa e singular ao mesmo tempo. A construção
de um
Brasil a serviço de seu povo. O Brasil que queremos, podemos
e faremos.
Árvore
Raízes, Seiva, Tronco,
Ramos,
Folhas, Flores, Frutos
Raízes
Nossas raízes fincam nossos pés na terra. Raízes que
nos ligam
aos que nos antecederam e aqui se misturaram em
amálgama,
seja em seus corpos ou pensamentos. A partir de um
método
aberto e interativo para a construção de uma
linguagem comum, formamos
um pensamento novo a partir de nossas RAÍZES
identitárias
naquilo que de melhor se produziu em termos de
valores e utopias:
- UBUNTU - TEKO PORÃ – ECOSSOCIALISMO
UBUNTU
“eu sou porque nós
somos”.
A
ética UBUNTU representa o rompimento
com o
individualismo. UBUNTU é pertencimento
à unidade,
interdependência e colaboração.
Diálogo,
consenso, inclusão, compreensão,
compaixão,
cuidado, partilha, solidariedade.
“Eu sou
porque você é” - “nós somos porque
você é e eu
sou”. Importa a dignidade de todos.
Assumir
UBUNTU é colocar emancipação
e cidadania
em novos patamares. E sua filosofia
vem lá da
África.
“A minha
humanidade está presa e está indissoluvelmente
ligada à
sua. Eu sou humano
porque eu
pertenço. Ele fala sobre a totalidade,
sobre a
compaixão. Uma pessoa com UBUNTU
é
acolhedora, hospitaleira, generosa, disposta
a compartilhar. A qualidade dá às pessoas
a
resiliência,
permitindo-as sobreviver e emergir humanas, apesar
de todos os
esforços para desumanizá-las. Uma pessoa com
UBUNTU está
aberta e disponível aos outros, assegurada pelos
outros, não
sente intimidada que os outros sejam capazes e
bons, para
ele ou ela ter própria autoconfiança que vem do conhecimento
que ele ou
ela tem o seu próprio lugar no grande
todo.”
(Desmond Tutu, Nobel da Paz – 1984)
Mandela
ensinou ao mundo que não vale vencer a qualquer
custo, por
isso ele conduziu a superação do apartheid
com
reconciliação, mantendo a paz e a unidade entre os povos
da África
do Sul. Agiu assim, porque para a pessoa com
UBUNTU
jamais é possível estar bem se nosso entorno não
estiver
bem. UBUNTU é a cultura milenar da paz.
“Um
viajante em visita pela África do Sul poderia parar
em uma
aldeia sem ter que pedir comida ou água. Uma vez
que ele
para, as pessoas dão-lhe comida. Esse é um aspecto
do UBUNTU,
mas o ubuntu tem vários aspectos. O ubuntu
não
significa que as pessoas não devem enriquecer. A questão,
portanto,
é: Você vai fazer isso e permitir que a comunidade
ao seu
redor possa melhorar?” (Nelson Mandela, Nobel
da Paz – 1993).
Elegemos a
filosofia UBUNTU como uma de nossas
raízes, por
decisão política e compromisso com
a
construção de um pensamento que rompe com a
lógica
ocidental, de sujeito autocentrado e individualismo
exacerbado.
Há que descolonizar nossas
mentes e
corpos e por isso assumimos outra perspectiva,
adotando uma
ética com origem na África,
desde
tempos imemoriais, e que está presente em
várias
manifestações da cultura popular. A expressão
do UBUNTU
está na roda de samba, na roda de capoeira,
no jongo,
nas cirandas e no candomblé. Rodas
em que
todos se olham sem hierarquias. A chave é a
importância
do acordo, do consenso e da coesão.
UBUNTU
também é referência para a comunidade
do software
livre, baseada no trabalho cooperativo.
E nos ajuda
a sonhar com uma democracia direta,
participativa
e colaborativa, em que as tecnologias da
informação
e da comunicação são colocadas a serviço
da emancipação humana, de forma livre e
aberta.
TEKO PORÃ
Bem Viver
BEM VIVER,
conceito político, econômico
e social
que tem por referência a visão dos
povos
originários da América: Sumak Kawsai
em quéchua;
Suma Qamaña em aymara; Tekó
Porã, em
guarani. É uma filosofia que também
está na
nossa alma original e significa viver em
aprendizado
e convivência com a natureza. Somos
“parte” da
natureza e, para nossa própria
sobrevivência
como espécie, há que romper de
uma vez por
todas com a ideia de que podemos
continuar
vivendo “à parte” da natureza. A terra
que nos
acolhe tem que ser protegida, conforme
nos ensinam
os povos tradicionais, pois
o mundo é
povoado de muitas espécies de seres,
também
dotados de consciência, em que
cada
espécie vê a si mesma e às outras espécies
a partir de
sua perspectiva. Esta sabedoria,
reconhecida nos povos do Xingu e presente
em todas as
culturas ameríndias, nos leva a compreender que
a relação
entre todos os seres do planeta tem que ser encarada
como uma
relação social, entre sujeitos, em que cultura e natureza
se fundem
em humanidade.
O TEKO PORÃ
se afirma no equilíbrio com o Planeta e no
conhecimento
ancestral dos povos originários. Conhecimento
nascido da
profunda conexão e interdependência com a natureza.
A vida em
pequena escala, sustentável e equilibrada, é
necessária
para garantir uma vida digna para todos e a sobrevivência
do planeta.
O fundamento é as relações de produção
autônomas e
autossuficientes. Ele também se expressa na articulação
política da
vida, através de práticas como assembleias
locais,
espaços comuns de socialização, parques, jardins
e hortas
urbanas, cooperativas de produção e consumo,
e das
diversas formas do viver coletivo e harmonioso. Também
guarda
correspondência ao histórico desejo de emancipação
e unidade
dos povos latino americanos, expressas na
utopia da
Pátria Grande (Abya-Yala).
Somente
podemos entender TEKO PORÃ em oposição ao
“viver
melhor” ocidental, que explora o máximo dos recursos
disponíveis
até exaurir as fontes básicas da vida. Assumir esta
cosmovisão é se contrapor à iniquidade
própria do capitalis
mo, onde
poucos vivem bem em detrimento da grande maioria.
O planeta
não pode mais seguir em desequilíbrio. O produtivismo
e
consumismo, desenfreados e fúteis, somente se
mantém
devido à exploração predatória dos recursos naturais
e só servem
à ganância de poucos. Este modelo não é sustentável
e,
inevitavelmente, levará a humanidade ao colapso civilizatório.
Por isso
afirmamos um modelo de vida mais justa, ambientalmente
sustentável,
economicamente solidário, que deve
ser buscado
simultaneamente pelo Estado e pela sociedade.
Queremos
uma vida digna, em plenitude, cheia de sentidos,
em que o
SER seja mais importante que o TER. Em que ESTAR
no Planeta
seja muito mais que um contínuo sugar da vida
alheia. Há
que assegurar os direitos da Mãe Terra (Pachamama,
Tekobá) em
nossa Constituição, como outros países já fizeram,
garantindo
a todos os viventes a satisfação de suas necessidades
básicas,
com qualidade de vida, o direito de amar
e ser
amado, o florescimento saudável de todos e em harmonia
com a
natureza, o prolongamento indefinido das culturas,
o tempo
livre para a contemplação, a ampliação das liberdades,
capacidade
e potencialidades de todos e de cada um.
Sonhamos com mais equidade. Em vez de
defender o
crescimento
contínuo e a qualquer custo,
buscamos
alcançar uma sociedade mais
equilibrada;
em vez de focar quase exclusivamente
em dados
relativos ao PIB ou
outros
frios indicadores econômicos, nos
guiamos
para alcançar e assegurar o mínimo
vital, o
suficiente para que todas as
pessoas
possam levar uma vida digna e feliz.
Queremos
medir o bem estar de nosso
povo muito
mais pela FELICIDADE INTERNA
BRUTA que
pelo Produto Interno
Bruto,
afinal, conforme o Manifesto Antropofágico
do
Modernismo brasileiro: “a
alegria é a
prova dos nove!”.
Enquanto o
capitalismo transforma
tudo em
coisa, até nossos corpos e desejos
mais
profundos, romper com esta lógica,
com seu
individualismo inerente, egoísmo
e
imediatismo, romper com a monetização
da vida em
todos os seus campos e
com a sua
desumanização é, para nós, o
ato mais revolucionário.
ECOSSOCIALISMO
ECOSSOCIALISMO,
uma reflexão crítica
que
resulta da convergência entre reflexão
ecológica,
reflexão socialista e reflexão
marxista.
O capitalismo é insustentável, sua
lógica
de reprodução e lucro não prevê limites,
extraindo
tudo e todos à sua frente,
incluindo
sonhos. A seguir o atual modelo
de
consumo, o Planeta estará definitivamente
exaurido
em poucas gerações. Não
temos
o direito de seguir roubando o futuro
dos
que estão por vir. Para reverter este
processo,
o único caminho é a Revolução
Ecológica,
cuja necessidade histórica parte
de
três premissas básicas:
a) estamos em meio a uma crise ambiental
global e de tal enormidade que a teia
da vida de todo o planeta está ameaçada
e com isto o futuro da
civilização;
b)
a crítica ao modelo capitalista vigente e ao consumismo predatório e
desenfreado;
c)
a crítica às revoluções sociais do século XX que tiveram por matriz ideológica
o
socialismo real, mas que apenas reproduziram o produtivismo predatório
do
modo capitalista de produção.
A proposta
de uma Revolução Ecológica baseada no ECOSSOCIALISMO representa,
ao mesmo
tempo, o resgate dos ideários emancipatórios construídos
pelos
movimentos sociais contestatórios e a rejeição às ilusões dos que pretendem
apenas
reformar o sistema vigente. Ela incorpora os valores de convivência
solidária
do TEKO PORÃ e UBUNTU, com valores éticos profundos do COMUM,
visando a
construção de uma cidadania ativa e solidária.
O atual
sistema capitalista é incapaz de regular, muito menos superar, as
crises que
deflagra; isso porque fazê-lo implicaria colocar limites ao processo
de
acumulação do capital, uma opção inaceitável para um sistema baseado na
regra
“cresça ou morra!”. É da lógica do sistema preferir “Crescer e Matar!”. E
assim estão
matando o planeta, pois o sistema capitalista mundial é, na linguagem
da
ecologia, profundamente insustentável e, para que haja futuro, deve
ser
ultrapassado e substituído.
O
ECOSSOCIALISMO passa pela formação de cadeias produtivas locais,
aproximando
produção e consumo e, sobretudo, aproximando gente e distribuindo
renda. No
lugar de seguir subsidiando a indústria automobilística, com
créditos e incentivos fiscais para um
transporte individual, de baixa escala e
poluente, o
incentivo ao transporte público, limpo,
de
qualidade e eficiente. Trens e hidrovias integrando
o Brasil,
metrôs, bondes e ciclovias, em transporte
seguro,
rápido e barato. Ônibus elétricos de nova
geração,
silenciosos e confortáveis. Tecnologias sustentáveis
para o
saneamento básico, com água limpa
e esgoto
tratado, para todos, em um Brasil em
que ainda
há muito por fazer nesta área.
Em vez de
usinas de energia, destruindo rios e
florestas
ou poluindo a atmosfera com suas fumaças
e
radiações, unidades autossustentáveis, com
matriz
energética diversificada, limpa e renovável;
até
edifícios e casas podem produzir a energia que
consomem,
assim como é necessário estabelecer
novos
padrões de eficiência no consumo energético,
bem como na
geração, transmissão e distribuição
de energia.
Com a
Revolução Ecológica baseada no ECOSSOCIALISMO,
decrescemos
na concentração, na ostentação,
no
supérfluo e crescemos apenas onde é
necessário.
Tudo isso gera riqueza, cria empregos,
tecnologia, conhecimentos e
solidariedade.
Seiva
Seiva, o que circula
dentro de nós, o
princípio que nos nutre.
A reconstrução do
BEM COMUM
COMUM, cooperação, multiplicidade, comunhão.
A identidade intangível de nossa
alma brasileira, expressa na generosidade
da mescla entre culturas, no sincretismo
de nossas crenças, nas festas que transbordam
alegria e esperança. O Comum nos une,
nos relaciona, nos congraça, sugere o direito
de todos, independentemente de posses, cor,
credo, idade, gênero, sexualidade
Desde os
gregos antigos, BEM COMUM tem como fundamento a busca da
“melhor
vida possível”, transformada em uma “vida ativa”, de modo que as
pessoas
agissem de acordo com o que fosse melhor para a coletividade. O espaço
de
realização pleno do Bem Comum era a cidade (polis) e a forma de governo
correspondente,
a República. Com o desenvolvimento do Estado-Nação
capitalista
o conceito de BEM COMUM foi paulatinamente substituído pelo de
bem público
ou estatal. E as experiências ditas socialistas do Século XX apenas
aprofundaram
esta consolidação do papel do Estado de controle e direção da
sociedade.
A partir da década de 1980, com o Neoliberalismo, até mesmo as
ideias de
bem público ou estatal foram substituídas pela privatização absoluta,
não mais
havendo o sentido do BEM COMUM, fazendo com que tudo e todos
devessem se
submeter ao Mercado.
Água, bem
vital, deveria ser o melhor exemplo de um BEM COMUM, mas
quando é
transformada em fonte de lucro, em mercadoria, deixa de sê-lo. A saúde
também
deveria ser um bem de todos, pois não é ético nem moral admitir que
pessoas
sejam mais bem tratadas que outras em função de suas posses. Assim
também com
a educação, que deveria assegurar um ponto de partida comum e
de
qualidade para todas as pessoas. A cultura, diversa e realizada por todos e nas
mais
diferentes formas, nosso acervo de conhecimentos, expressões e significados
definindo
nossa identidade. O conhecimento, a comunicação e a criação também
devem ser
livres, mas não são. O direito à vida, enfim, pois, de todos os direitos,
não há nada mais sagrado que este direito
comum a todos os seres.
BEM COMUM,
tudo aquilo que tem uma dignidade própria, que não
se pode
comprar nem vender, não sendo ético a sua transformação em
fonte de
lucro.
A vida e a
cultura não podem ser privatizadas. Mas o capitalismo transforma
tudo em
mercadoria, patenteia seres vivos, cadeias genéticas, sementes
de
alimentos, o acervo de conhecimentos, cultura e artes da humanidade;
e segue em
novas fronteiras de expansão, como o mapa genético e
o espaço
sideral, gerando novos desafios éticos e de luta política.
Para
reconstruirmos o BEM COMUM, precisamos de acesso livre e irrestrito
às técnicas
e conhecimentos. Várias delas estão já em nossas mãos,
mas ainda é
preciso democratizá-las, assegurá-las como um direito e lutar
para que
sejam expandidas, pois o acesso à informação e aos meios de comunicação
tem que ser
um direito humano fundamental. A reconstrução
do BEM
COMUM inclui o direito à cidade e à livre circulação nos espaços
públicos,
sem barreiras de qualquer tipo, sejam físicas, financeiras, culturais
ou sociais,
bem como a garantia de anonimato para os indivíduos, neutralidade
em rede,
transparência nos fluxos e controle de informações, liberdade
de
expressão e autodeterminação. Também inclui o direito à terra e à realização
da reforma
agrária, produzindo alimentos saudáveis, fortalecendo
a
agricultura familiar, a agroecologia, o respeito às florestas, águas e bichos.
E passa
pela redução da jornada de trabalho e pela criação da renda universal,
a biorrenda, como a renda básica da
cidadania, assegurada a todos.
A
efetivação do BEM COMUM também
compreende
tomar o Estado das
mãos dos
grupos econômicos e políticos,
das CASTAS
que dele se apoderaram
para
garantir os seus interesses
privados,
pois, no atual estágio civilizatório,
em que o
Estado ainda é o maior
concentrador
e distribuidor de recursos,
somente a
gestão do Estado com
plena
participação da sociedade é que
se
garantirá a plena realização do BEM
COMUM e da
melhor vida possível
para todos.
A crise
política, moral e ética que as
sociedades
contemporâneas atravessam
é resultado
do abandono dos ideais do
BEM COMUM,
que foram sendo substituídos
por
práticas privatistas, desde o
campo
econômico, social, cultural e político.
Resgatar os
sentidos do BEM COMUM
é condição
primeira para o bem-
-estar e a felicidade de toda sociedade
Tronco
A partir de nossas
RAÍZES, formamos um
pensamento novo com o
que de mais
profundo e generoso foi
criado a partir
da cosmovisão,
filosofia, racionalidade
e magia de nossos povos
matriz. E assim
nasce o TRONCO,
expressando nosso
objetivo: CIDADANIA
PLENA.
Cidadanismo
Historicamente
o conceito de cidadão, desde a Roma
Antiga,
passando pela Revolução Francesa, representava
na
prática a concentração de poder nas mãos de poucos.
As
mulheres, os escravos e, em sua versão moderna,
os
trabalhadores precarizados, estiveram, na maior parte
do tempo, alijados da
participação política. Somente
por
intermédio das lutas pela ampliação do direito de votar e
ser votado
é que, muito recentemente, o conceito de cidadão
e cidadã se
universalizou em nosso país (até a Constituição
de 1988
analfabetos não votavam). E ainda assim em uma cidadania
mutilada,
em que os direitos não são universalmente
garantidos.
O CIDADANISMO surge então como a busca da
efetividade
plena da cidadania. Também o processo de acumulação
capitalista
impôs uma concentração de riqueza nunca
vista, onde
cerca de 1% de todos os habitantes do planeta
detém mais
da metade de tudo o que é produzido. Com
isto, a
grande massa de explorados e oprimidos pelo sistema
é
constituída por pessoas com direitos formais, mas sem direitos
de fato.
A
universalização da cidadania é a condição histórica necessária
do
CIDADANISMO contemporâneo, que, por sua vez,
emerge em
meio a uma grande contradição. Tal conceito está
intimamente
ligado à noção de soberania popular, estampada
no
parágrafo do primeiro artigo da Constituição Federal brasileira:
“todo poder
emana do povo, que o exerce por meio de
representantes
eleitos ou diretamente”. Mas este poder é sequestrado
por CASTAS
que se apoderam do Estado para “se
servir” e não “servir”.
A separação
entre o poder econômico e a vontade popular
deve estar
na base do CIDADANISMO. Por isso a necessidade
urgente de
um reforma política, justa, democrática e cidadã,
que
recoloque a política nas mãos das pessoas, acabando com o
poder do
dinheiro nas eleições e o abuso do poder, seja de governos,
empresas,
mídia ou igrejas. O CIDADANISMO pressupõe
transformar
e reinventar o exercício da política em processos solidários
e
cooperativos, além, inclusive, de uma simples reforma
eleitoral.
Também compete ao cidadão participar da vida pública,
na
organização do espaço público e na construção da democracia
na esfera
da produção e não somente na esfera política.
Da revolta
que tomou as ruas e praças das grandes cidades
no mundo,
surgem novas propostas de organização que buscam
reconfigurar
o modelo de representação política e, mais
que isto,
buscando o real empoderamento das cidadãs e cidadãos
por meio da
democracia direta e da autogestão.
CIDADANISMO
representa uma alternativa também aos
instrumentos
tradicionais de participação política (partidos e
sindicatos)
que, ao longo do século passado, se apresentavam
como a
vanguarda, dirigentes da classe oprimida e explorada,
mas que
foram se burocratizando e acomodando no contato
com o poder.
e
articuladas, movidas por consensos progressivos. O indivíduo
é
respeitado em sua integridade e seus valores e intenções
são
conectados a outros que compõem a rede cidadã e
constituem
os espaços públicos em permanente construção.
Deste
movimento de reafirmação da participação ativa e cidadã
na
construção do Comum, as políticas se tornam efetivamente
públicas e
se desgarram dos desejos das castas e das
vanguardas.
CIDADANISMO
também é romper com a oligopolização
dos meios
de comunicação que, em conluio com a casta política,
interditam
o direito de indivíduos e coletividades. Defendemos
a liberdade
de imprensa, a pluralidade de ideias e
interpretações
dos fatos e o livre acesso à informação, a polifonia.
Para que
todas as pessoas, de todas as cores, de todas
as
orientações sexuais, todas as ideias, em todos os sotaques,
possam ser
respeitadas, vistas e ouvidas. Basta de invisibilidade,
pois a
comunicação é um direito humano.
Este
movimento Transversal e uma organização política de
Retaguarda
se mesclam nas lutas comuns, se consubstanciam
na ação
direta de enfrentamento das contradições do Sistema,
desnudando seus mecanismos e
perversidade. A AUDITORIA
CIDADÃ DA
DÍVIDA PÚBLICA, prevista na Constituição de 1988
e que até
hoje é protelada, é uma das formas de escancarar o
maior dreno
de recursos públicos a que a sociedade está submetida
E também um
sistema tributário mais justo e progressivo,
que taxe
menos a renda e consumo dos pobres e mais
sobre as
grandes fortunas, as propriedades especulativas, os
lucros
exorbitantes e transações financeiras internacionais.
CIDADANISMO
é o respeito às diferenças, a promoção da
igualdade
de gênero e racial, com o resgate de dívidas históricas
com as
populações negras e indígenas. É oferecer oportunidades
iguais e
quando estas não forem suficientes, promover
o
reequilíbrio entre as pessoas. É assegurar os direitos
da mulher e
combater todas as formas de preconceito e discriminação.
É defender
os direitos de lésbicas, gays, bissexuais,
transexuais
e transgêneros, assegurando-lhes o direito a
trabalho
digno, ao casamento e à felicidade. É também construir
uma nova
política de drogas enfatizando-a como uma
questão de
saúde pública e não de polícia.
CIDADANISMO
são direitos e são deveres. É identidade
e
alteridade ao mesmo tempo. Uma cidadania emancipada
só pode
acontecer no encontro com a Educação. Uma educação
de qualidade, motivadora, não uma
“educação instru
mental”,
gerando “deficientes cívicos”, como bem apontou
o mestre
Milton Santos, mas que integre a Educação
à Cultura,
formando consciências, multiplicando diferentes
formas de
viver, experimentando alternativas, informando,
democratizando
o conhecimento, respeitando as
diferenças
e fomentando a produção criativa. Uma educação
que liberta
e convida as pessoas a pensarem sobre
sua
realidade e sua emancipação.
Será do
encontro entre Cidadanismo e Educacionismo
que
colocaremos a CIDADANIA em um novo patamar.
E esta é a
condição necessária para uma nova forma de
governo e
pacto social. Um governo que nos respeite. É
simples o
que queremos. Queremos que o esforço coletivo
seja
revertido para o coletivo. E para isso, queremos
participar,
deliberar, acompanhar, fazer junto. Queremos
bons
cuidados quando buscamos a saúde pública e sermos
bem
tratados quando nos deslocamos pelas cidades.
Queremos
boas praças e parques, limpos e arborizados,
nos sentir
seguros em nossas casas e nas ruas. Queremos
até aquilo
que não sabemos que queremos. Por isso ousamos
uma nova
cultura política no Brasil, em que o CIDADANISMO
será o pleno exercício da cidadania.
Ramos, Folhas,
Flores, Frutos
PLATAFORMA para
um PROGRAMA COMUM.
Optamos por definir primeiro nossas RAÍZES e TRONCO
e agora fazemos um convite a todos os Coletivos,
Movimentos
e Atores Sociais sinceramente empenhados na
busca de “um outro mundo possível” a que iniciemos a
construção de uma PLATAFORMA PROGRAMÁTICA interativa
e comum. Um programa em construção permanente,
incorporando olhares, propostas e reivindicações,
antes isoladas e que agora se entrelaçam a partir do
diálogo
e luta comum, formando uma frondosa árvore, a
ÁRVORE da CIDADANIA
Partido-Movimento
Um
partido de novo tipo, um PARTIDO-MOVIMENTO. Um partido que construa
pontes
para o diálogo entre os cidadãos e não atalhos para as castas dirigentes.
Um
partido que dialogue com os movimentos sociais, mas sem cooptá-
-los.
Um movimento social e um partido político, ao mesmo tempo. E, também,
um
PARTIDO em MOVIMENTO. Um partido que se construa nas ruas e também
nas
redes que integram os “debaixo”, os legítimos donos do poder.
Nós
nos recusamos a sermos transformados em mais uma engrenagem do
jogo
do poder. Rejeitamos as suas benesses e a profissionalização na política.
“Política,
a mais vil das profissões, a mais nobre das vocações”, como escreveu
Rubem
Alves. Não queremos alimentar castas políticas, que se autoconcedem
aumentos
sem consultar a sociedade, que só legislam e governam para se perpetuar
no
poder. O poder das castas não nos atrai, assim como também não
nos
seduzimos por cargos em que o fim seja o próprio cargo, sem que ele seja
um
meio para melhorar a vida das pessoas.
Nossa
lógica é outra. A busca da potência, da capacidade de agir e transformar
realidades,
e que é inerente a todos os seres humanos. E de uma potência
que
se realiza com afeto e amorosidade, pois em um mundo em que
tudo
é transformado em coisa, não há nada mais revolucionário que o amor à
vida, o reconhecimento do
“outro” e o respeito ao próximo.
Nossa
esperança: Reencantar o
mundo
desencantado. Tornar novamente
a política
algo apaixonante.
Por isso
buscamos força em nossas raízes
mais
profundas, resgatando nossa
ancestralidade
africana, ameríndia
e europeia
para constituir um novo
ethos
político, mestiço como somos,
que nasce
do amálgama entre UBUNTU,
TEKO PORÃ e
ECOSSOCIALISMO,
reconstruindo
o sentido do BEM COMUM
e apontando
para a conquista
da
CIDADANIA PLENA.
Nosso
objetivo: uma Cidadania
Plena que
coloque o Poder a serviço
de seu
povo. Ao mesmo tempo, ativa,
participativa
e colaborativa. Uma cidadania
que
dispensa tutores e senhores.
Não é
simples nem fácil, pois a ordem
política
vigente sequestra a democracia
pelo
dinheiro, distorce pela
ignorância, controla pelo poder. Mas
temos que
reagir. Não podemos mais eleger representantes
que logo
eleitos já dão as costas ao povo, tramando acordos
para
ingressarem nas castas que até ontem negavam. O nome
já diz,
todo cargo de representação ou gestão de governo é
um cargo
público e não pode ser disposto ao bel prazer, sem
critério
algum além do “toma lá dá cá” da política. Não queremos
mais um
ministério em que “metade não é capaz de nada
e a outra
metade é capaz de tudo”.
Não há mais
tempo a perder. Somos a maioria, mas nossos
direitos
seguem desrespeitados entre corrupções, ineficiências,
desmandos e
mentiras. O Planeta não pode esperar
mais, há
que dar um basta ao desmatamento que faz desaparecer
rios e
vidas. Precisamos de água boa, de rios e lagos e
terras e
ares limpos. Queremos viver em paz, andar nas ruas
com
segurança, descansar em Parques e Praças, ouvir música
ao ar
livre, teatro na rua; respirar arte, sentir arte, ser arte.
Nossa vida
pode ser melhor. Alimentos saudáveis, bom transporte,
moradia
digna, saúde e educação integrais para todas
e todos.
Não queremos muito, queremos apenas o que é nosso.
São nossos
direitos. Por isso queremos para já!
Nesta fase
transitória nos propomos a ser um laboratório
de experimentações em busca da igualdade
política que, para
nós,
significa o reconhecimento de que pessoas comuns, quaisquer cidadãos,
tenham
capacidade e meios para interferir nos rumos comuns da sociedade.
Buscamos um
novo patamar de democracia, formada por sujeitos
autônomos,
capazes de gerir suas vidas e participar da gestão da vida pública.
Não
queremos mais um partido PARA as pessoas, queremos um partido
COM as
pessoas.
Um partido
ao mesmo tempo amplo, horizontal, democrático e constituído
por
Círculos autônomos e protagonistas, que se inter-relacionem
uns com os
outros, igualmente de forma autônoma e democrática. Círculos
como unidades
de participação e respeito à diferença e à construção do
comum.
Círculos temáticos (reforma urbana, política de drogas, ambientalismo,
etc.),
territoriais (por estados, cidades, bairros, comunidades, escolas,
universidades,
locais de trabalho) ou identitários (LGBT, indígenas, jovens,
etc.).
Círculos
que se cruzam numa rede sem hierarquia que, por meio do método
dialógico,
constrói unidades de pensamento e ação. Círculos que garantam
a
integridade de cada participante e que não necessitem forjar sua
força como
maioria que esmaga o divergente ou aquele que ainda não se
convenceu
plenamente da melhor solução. Círculos que formem uma estrutura
lacunar, em
edificação constante, num consenso progressivamente
construído.
Basta ter a iniciativa de criar um círculo e juntar pessoas para
que ele seja criado.
movimento
cidadanista
O
Brasil é grande, rico, esta é a terra da diversidade, mestiçagem, da alegria.
Temos
energia, florestas, água, riquezas mil. Um bom povo, inventivo, trabalhador
e
solidário. Não é justo que sigamos nos maltratando, não é justo que sigamos
nos
enganando. A quem não acredita nesta possibilidade e se conforma
com
o amesquinhamento da política atual, há dezenas de partidos a escolher,
bastando
deixar tudo como está. Mas a quem deseja mudar de verdade, fazemos
um
convite à união. Sigamos juntos, unidos.
Somos
de Pindorama. Somos Aymoré e a Confederação dos Tamoios. Somos
Zumbi
e Palmares. Alfaiates, Inconfidentes, Republicanos. Somos a Confederação do Equador e Frei Caneca. José Bonifácio de Andrade
e seu sonho
pela amálgama Brasil, expulso da primeira constituinte
do país por
defender a libertação dos escravos, distribuição
de terras e
educação pública para todos, isso em 1824.
Farrapos,
balaios, praieiros e cabanos. Somos Malês, caifazes e
abolicionistas.
Dos Sertões, de Canudos, Contestado e do Caldeirão.
Somos as
revoltas de 22, de 24, da Coluna Invencível.
Anarquistas,
comunistas e socialistas. Modernistas, antropofágicos,
tropicalistas.
Do Brasil urbano, do Brasil rural, do Brasil
soberano.
Da Cultura Popular e de Periferia, do Cinema Novo,
do Teatro
do Oprimido, da MPB. De Paulo Freire, Darcy Ribeiro,
Florestan
Fernandes e Milton Santos. Das reformas de base, da
resistência
à ditadura, de 1968, da teologia da libertação, do
Movimento
contra a Carestia, da Anistia, das greves operárias.
Diretas Já!
Da Constituição Cidadã. Os caras-pintadas, a estabilidade
da moeda, a
inclusão social. As Jornadas de Junho de
2013. Toda
esta história faz parte de nós. Somos nós.
E assim seguimos,
unidos com ousadia, semeando, confiando,
compartilhando.
Por uma sociedade de mulheres e homens
livres, de
gente unida entre si e unida ao planeta. Um povo capaz
e
responsável por seus próprios atos. Livre, enfim, consciente,
pensando por si mesmo. Conclama o
Manifesto: UNI
-VOS!
Unimo-nos. E seguimos dizendo
nas
ruas: “O povo, unido, jamais será
vencido!”
Venceremos.
Venceremos
porque Podemos. Podemos
porque
somos radicais. E, por
termos
Raízes, nos propomos a pensar
o
Brasil de baixo para cima, pela
radicalização
dos processos horizontais
e
interativos, garantindo o efetivo
empoderamento
das pessoas numa
nova
concepção do fazer político.
Nossas
raízes são profundas e trazem
à
tona as mais elevadas expressões da
ética
africana, da filosofia ameríndia
e
da política ocidental: Ubuntu, Teko
Porã
e Ecossocialismo. Destas raízes
nasce
o tronco do CIDADANISMO, forte,
potente,
generoso.
Foi
no dia da mulher que nos afirmamos
como
RAIZ MOVIMENTO CIDADANISTA,
evocando
o feminino no
descobrimento
de nossas práticas.
3Por isso queremos
ser chamados exatamente assim: a RAIZ, combinando com
o gênero;
não mais “o partido”, mas “a inteira”, de inteireza. Queremos um
novo fazer
político, enraizado no solo fértil das lutas por vida, pão, saúde, paz,
conhecimento,
ciência, trabalho, diversidade natural-étnico-cultural, sustentabilidade,
arte e
lazer. Que a força de nossas raízes alimentem o sonho, a ternura,
a ousadia e
a esperança.
Assim como
os minerais, que são absorvidos pelas raízes das árvores, pedimos
força para
que possamos absorver o grito de indignação e a vontade de
justiça. E lutaremos para transformar a
realidade social desumana, degenera
da, nociva,
desigual. E que façamos juntos, entrelaçando
raízes,
articulando grupos e pessoas, movimentos
e
organizações, de maneira criativa e libertária,
prospectiva
e otimista. Não será fácil, sabemos que
vamos
enfrentar o solo infértil, as pedras, muito vento,
às vezes
com falta de água. Mas nossa essência,
nossos
sonhos e nossa luta transformarão essa nossa
semente,
que já é RAIZ, numa árvore forte, cheia de
frutos e
inspiradora para a tão sonhada transformação
do nosso
país.
Raiz que
vai crescer. Primeiro os ramos, depois as
folhas, as
flores e por fim os frutos que há tanto esperamos.
No mesmo
momento que muitos preparam suas
armas para
defenderem o indefensável, nós germinamos
da terra e
vamos frutificar.
RAIZ
MOVIMENTO CIDADANISTA, por belas flores
e bons
frutos para um Brasil que vai brotar como nunca
se viu!
São Paulo, 08 de Março de 2015
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