sábado, 28 de março de 2015



Dissidentes da Rede Sustentabilidade lançam carta por novo partido

O Raiz Movimento Cidadanista quer ser uma "alternativa política" formada por dissidentes da Rede que abandonaram Marina Silva quando ela declarou apoio a Aécio Neves (PSDB) nas eleições
por Redação — publicado 27/03/2015 18:13

Em sua carta de princípios, o Raiz Movimento Cidadanista destaca o "respeito ao bem viver e ao bem comum" e a defesa de um projeto de ecossocialismo. A íntegra da carta pode ser lida no arquivo anexado à direita.

OBS. A CARTA DE PRINCÍPIOS ESTÁ EM ARQUIVO PDF QUE NÃO FOI POSSIVEL ANEXAR AO BLOG, PORTANTO, COMO PROVIDENCIA INICIAL, REPRODUZI, COMO FOI POSSIVEL, O TEXTO PDF EM TEXTO DO WORD PARA LEITURA, ABAIXO.


Carta
Cidadanista

movimento cidadanista
NÓS SOMOS MUITOS e MUITAS. Feminino e masculino juntos. Brasileiras e Brasileiros.
De todas as cores e identidades, gêneros e transgêneros. Índios, negras,
brancos, amarelas, pardos, mamelucas, cafuzos, mestiças. Somos estudantes, trabalhadores,
aposentados, empreendedores, jovens, anciãos, adultos, crianças.
Somos migrantes, viemos de todos os lugares, de todos os continentes, das
cidades, das florestas, dos campos, das montanhas, dos rios, dos litorais. Somos
diversidade, mistura, inclusão e exclusão, visíveis e invisíveis, desabrigo e
acolhimento. E não paramos de chegar: haitianos, bolivianos, africanos de várias
nações, chineses, sírios, gente de todas as partes.
Aqui estávamos quando outros vieram, aqui chegamos quando outros estavam,
atravessamos oceanos e nos mesclamos. Estamos nas fábricas, lojas,
escolas, oficinas, terras, ruas e redes; somos batalhadores, sonhadores, criativos, sofredores, esforçados, solidários, precários, inventivos e invisíveis. Vivemos,
criamos, produzimos, inventamos, consumimos, desejamos, amamos,
queremos, podemos. Tudo passa por nossas mãos, corações e mentes, até
aquilo que não será nosso, até aquilo que não queremos e não conhecemos.
SOMOS MUITAS. E somos quem sustenta as minorias que se sustentam
das maiorias. Darcy Ribeiro dizia: “o Brasil sempre foi, ainda é, um moinho de
gastar gentes. Construímo-nos queimando milhões de índios. Depois, queimamos
milhões de negros. Atualmente, estamos queimando, desgastando milhões
de mestiços brasileiros, na produção não do que eles consomem, mas do
que dá lucro às classes empresariais”. Mas não só gente. Gastamos nossa fauna
e flora, terra e água, nossa vida.
SOMOS MUITOS, mas nossa vontade não é respeitada. Somos a multiplicidade
que produz, mas a riqueza que produzimos não é dividida conosco. Somos
os que mais pagam impostos, mas eles não retornam na forma de serviços públicos
de qualidade, com boa educação, boa saúde, boa segurança, boa moradia,
bom lazer, boa cultura, bom transporte e boas cidades. Nem os bens e serviços
que pagamos ao mercado nos são bem prestados. Falta fiscalização, falta qualidade,
falta respeito. “Somos os 99%”. E estamos indignados.
Por isso fomos às ruas. Para espanto de todos, em meio ao asfalto, nasceu
uma flor, uma flor com nossa cara, com nosso jeito, desencontrada, uma flor
com a cara da multidão, singular e plural ao mesmo tempo; uma flor da revolta,
da indignação, do nojo.
Também uma flor da esperança.
Não nos escutaram. “Tanta coisa
que não cabia em um cartaz”, tantas
vozes em revolta, tanta gente junta,
gritando do fundo da garganta, rompendo
o silêncio. E ainda assim, não
nos escutaram. Promessas vazias,
ações paliativas. Muita repressão,
perseguições, provocações; manipulações,
marquetagem, cooptações. E
não nos escutaram.
Podem mudar os rostos, os gestos,
partidos ou siglas, mas ainda assim seguem
sendo os mesmos a mandar e
a tirar do povo. E quando outros rostos
ganham força política, são cooptados
para servir os que já mandam. É o
que o país assiste de forma escancarada
nas relações promíscuas entre casta
econômica e a casta política. Nossa
democracia é sequestrada pela força
do dinheiro e corrompida pelo poder.

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Definitivamente. Não nos escutaram. E continuam não escutando. As eleições
de 2014 foram um jogo de ilusões. Ideias vazias, promessas vãs, mentiras,
negociatas entre as castas econômicas e políticas. Independente de partido,
o que tem havido a cada eleição, desde sempre no Brasil, tem sido o uso
despudorado do poder e mesmo da democracia para favorecer privilégios econômicos
e políticos, nunca uma democracia de verdade, jamais uma democracia
real. Sempre os mesmos senhores.
Em que pese o processo de relativa estabilidade econômica e inclusão social
desencadeado no Brasil nas duas últimas décadas, este período também teve um
forte sentido regressivo, com diminuição do patrimônio público e da biodiversidade,
aumento do endividamento do Estado, precarização do trabalho e, sobretudo,
redução do horizonte utópico. O acesso aos bens não foi suficientemente acompanhado
da oferta de serviços públicos de qualidade e muito menos no fortalecimento
de valores como a solidariedade e a sustentabilidade. Confundiu-se inclusão
social com consumismo, abandonando a ideia de emancipação.
Não queremos buscar o poder pelo poder, disputar aparatos, seja associações
de moradores, sindicatos ou aparelhos do Estado, em que o poder deixou
de ser um meio de transformação da realidade para tornar-se um fim em si mesmo.
Para corresponder às expectativas da sociedade, não queremos repetir os
modelos organizativos do passado. Queremos horizontalidade e interatividade
nas instâncias deliberativas, garantindo o efetivo empoderamento das pessoas
para uma nova forma de fazer política.
Queremos ser um ator político que se comunique com a “linguagem comum
das ruas”, que se construa a partir das propostas e reivindicações que
surgem das mobilizações sociais, ambientais, culturais e políticas, com a participação
livre e aberta a qualquer cidadão.
O reconhecimento desta pluralidade não implica uma postura conciliatória
em relação aos setores que estão comprometidos, de diferentes formas,
com a manutenção do sistema de exploração e domínio em vigor, seja pela
dominação ideológica, econômica ou política. Esta dominação é articulada
pela aliança escusa entre grandes corporações econômicas, midiáticas
e financeiras e os governos que lhes são subalternos, por
isso é necessário romper com falsas polarizações e buscar
uma alternativa real e concreta de transformação
social.
E para já !
A alternativa possível ao modelo vigente
de globalização é a construção de uma cidadania
planetária, que promova a cooperação e a solidariedade.
Onde prevaleçam a identidade e os interesses dos
povos, a eliminação das desigualdades socioeconômicas e o intercâmbio de
toda diversidade cultural. É um processo lento, relacionado ao futuro da vida
no planeta. Pois, independentemente da nacionalidade, somos habitantes do
mesmo país, da mesma Terra.
Há que mudar a lógica do Sistema. “Os de acima abaixo e os de
abaixo acima”, pois em uma democracia real “o povo manda e o governo
obedece”. Ou assumimos este objetivo com coragem, clareza
e determinação ou jamais mudaremos. E há exemplos de que pode
ser assim. Da vitória do Syriza na Grécia ao Podemos da Espanha.
Dos zapatistas no México à democracia direta na Islândia. Temos
também os nossos vizinhos; a Bolívia, com a organização
dos indígenas e pobres e o primeiro presidente
indígena das Américas; o processo constituinte no
Equador; o Uruguai da revolução tranquila; a cidade
de Medellín, na Colômbia, antes conhecida
pelo cartel das drogas e hoje reconhecida
como a cidade mais inovadora do mundo.
O mundo todo está atento às novas formas de
organização política, vinculados a movimentos desgarrados
dos velhos aparelhos, representando novos ativismos,
com uma práxis renovada e horizontal. Por isso, convidamos
aqueles empenhados na busca de um “outro mundo
possível” que se unam no esforço pela construção de uma alternativa
política ampla, diversa e singular ao mesmo tempo. A construção
de um Brasil a serviço de seu povo. O Brasil que queremos, podemos
e faremos.
Árvore
Raízes, Seiva, Tronco, Ramos,
Folhas, Flores, Frutos
Raízes
Nossas raízes fincam nossos pés na terra. Raízes que nos ligam
aos que nos antecederam e aqui se misturaram em amálgama,
seja em seus corpos ou pensamentos. A partir de um método
aberto e interativo para a construção de uma linguagem comum, formamos
um pensamento novo a partir de nossas RAÍZES identitárias
naquilo que de melhor se produziu em termos de valores e utopias:
- UBUNTU - TEKO PORÃ – ECOSSOCIALISMO
UBUNTU
“eu sou porque nós
somos”.
A ética UBUNTU representa  o rompimento
com o individualismo. UBUNTU é pertencimento
à unidade, interdependência e colaboração.
Diálogo, consenso, inclusão, compreensão,
compaixão, cuidado, partilha, solidariedade.
“Eu sou porque você é” - “nós somos porque
você é e eu sou”. Importa a dignidade de todos.
Assumir UBUNTU é colocar emancipação
e cidadania em novos patamares. E sua filosofia
vem lá da África.
“A minha humanidade está presa e está indissoluvelmente
ligada à sua. Eu sou humano
porque eu pertenço. Ele fala sobre a totalidade,
sobre a compaixão. Uma pessoa com UBUNTU
é acolhedora, hospitaleira, generosa, disposta
a compartilhar. A qualidade dá às pessoas a
resiliência, permitindo-as sobreviver e emergir humanas, apesar
de todos os esforços para desumanizá-las. Uma pessoa com
UBUNTU está aberta e disponível aos outros, assegurada pelos
outros, não sente intimidada que os outros sejam capazes e
bons, para ele ou ela ter própria autoconfiança que vem do conhecimento
que ele ou ela tem o seu próprio lugar no grande
todo.” (Desmond Tutu, Nobel da Paz – 1984)
Mandela ensinou ao mundo que não vale vencer a qualquer
custo, por isso ele conduziu a superação do apartheid
com reconciliação, mantendo a paz e a unidade entre os povos
da África do Sul. Agiu assim, porque para a pessoa com
UBUNTU jamais é possível estar bem se nosso entorno não
estiver bem. UBUNTU é a cultura milenar da paz.
“Um viajante em visita pela África do Sul poderia parar
em uma aldeia sem ter que pedir comida ou água. Uma vez
que ele para, as pessoas dão-lhe comida. Esse é um aspecto
do UBUNTU, mas o ubuntu tem vários aspectos. O ubuntu
não significa que as pessoas não devem enriquecer. A questão,
portanto, é: Você vai fazer isso e permitir que a comunidade
ao seu redor possa melhorar?” (Nelson Mandela, Nobel
da Paz – 1993).
Elegemos a filosofia UBUNTU como uma de nossas
raízes, por decisão política e compromisso com
a construção de um pensamento que rompe com a
lógica ocidental, de sujeito autocentrado e individualismo
exacerbado. Há que descolonizar nossas
mentes e corpos e por isso assumimos outra perspectiva,
adotando uma ética com origem na África,
desde tempos imemoriais, e que está presente em
várias manifestações da cultura popular. A expressão
do UBUNTU está na roda de samba, na roda de capoeira,
no jongo, nas cirandas e no candomblé. Rodas
em que todos se olham sem hierarquias. A chave é a
importância do acordo, do consenso e da coesão.
UBUNTU também é referência para a comunidade
do software livre, baseada no trabalho cooperativo.
E nos ajuda a sonhar com uma democracia direta,
participativa e colaborativa, em que as tecnologias da
informação e da comunicação são colocadas a serviço
da emancipação humana, de forma livre e aberta.
TEKO PORÃ
Bem Viver
BEM VIVER, conceito político, econômico
e social que tem por referência a visão dos
povos originários da América: Sumak Kawsai
em quéchua; Suma Qamaña em aymara; Tekó
Porã, em guarani. É uma filosofia que também
está na nossa alma original e significa viver em
aprendizado e convivência com a natureza. Somos
“parte” da natureza e, para nossa própria
sobrevivência como espécie, há que romper de
uma vez por todas com a ideia de que podemos
continuar vivendo “à parte” da natureza. A terra
que nos acolhe tem que ser protegida, conforme
nos ensinam os povos tradicionais, pois
o mundo é povoado de muitas espécies de seres,
também dotados de consciência, em que
cada espécie vê a si mesma e às outras espécies
a partir de sua perspectiva. Esta sabedoria,
reconhecida nos povos do Xingu e presente
em todas as culturas ameríndias, nos leva a compreender que
a relação entre todos os seres do planeta tem que ser encarada
como uma relação social, entre sujeitos, em que cultura e natureza
se fundem em humanidade.
O TEKO PORÃ se afirma no equilíbrio com o Planeta e no
conhecimento ancestral dos povos originários. Conhecimento
nascido da profunda conexão e interdependência com a natureza.
A vida em pequena escala, sustentável e equilibrada, é
necessária para garantir uma vida digna para todos e a sobrevivência
do planeta. O fundamento é as relações de produção
autônomas e autossuficientes. Ele também se expressa na articulação
política da vida, através de práticas como assembleias
locais, espaços comuns de socialização, parques, jardins
e hortas urbanas, cooperativas de produção e consumo,
e das diversas formas do viver coletivo e harmonioso. Também
guarda correspondência ao histórico desejo de emancipação
e unidade dos povos latino americanos, expressas na
utopia da Pátria Grande (Abya-Yala).
Somente podemos entender TEKO PORÃ em oposição ao
“viver melhor” ocidental, que explora o máximo dos recursos
disponíveis até exaurir as fontes básicas da vida. Assumir esta
cosmovisão é se contrapor à iniquidade própria do capitalis
mo, onde poucos vivem bem em detrimento da grande maioria.
O planeta não pode mais seguir em desequilíbrio. O produtivismo
e consumismo, desenfreados e fúteis, somente se
mantém devido à exploração predatória dos recursos naturais
e só servem à ganância de poucos. Este modelo não é sustentável
e, inevitavelmente, levará a humanidade ao colapso civilizatório.
Por isso afirmamos um modelo de vida mais justa, ambientalmente
sustentável, economicamente solidário, que deve
ser buscado simultaneamente pelo Estado e pela sociedade.
Queremos uma vida digna, em plenitude, cheia de sentidos,
em que o SER seja mais importante que o TER. Em que ESTAR
no Planeta seja muito mais que um contínuo sugar da vida
alheia. Há que assegurar os direitos da Mãe Terra (Pachamama,
Tekobá) em nossa Constituição, como outros países já fizeram,
garantindo a todos os viventes a satisfação de suas necessidades
básicas, com qualidade de vida, o direito de amar
e ser amado, o florescimento saudável de todos e em harmonia
com a natureza, o prolongamento indefinido das culturas,
o tempo livre para a contemplação, a ampliação das liberdades,
capacidade e potencialidades de todos e de cada um.
Sonhamos com mais equidade. Em vez de defender o
crescimento contínuo e a qualquer custo,
buscamos alcançar uma sociedade mais
equilibrada; em vez de focar quase exclusivamente
em dados relativos ao PIB ou
outros frios indicadores econômicos, nos
guiamos para alcançar e assegurar o mínimo
vital, o suficiente para que todas as
pessoas possam levar uma vida digna e feliz.
Queremos medir o bem estar de nosso
povo muito mais pela FELICIDADE INTERNA
BRUTA que pelo Produto Interno
Bruto, afinal, conforme o Manifesto Antropofágico
do Modernismo brasileiro: “a
alegria é a prova dos nove!”.
Enquanto o capitalismo transforma
tudo em coisa, até nossos corpos e desejos
mais profundos, romper com esta lógica,
com seu individualismo inerente, egoísmo
e imediatismo, romper com a monetização
da vida em todos os seus campos e
com a sua desumanização é, para nós, o
ato mais revolucionário.

ECOSSOCIALISMO
ECOSSOCIALISMO, uma reflexão crítica
que resulta da convergência entre reflexão
ecológica, reflexão socialista e reflexão
marxista. O capitalismo é insustentável, sua
lógica de reprodução e lucro não prevê limites,
extraindo tudo e todos à sua frente,
incluindo sonhos. A seguir o atual modelo
de consumo, o Planeta estará definitivamente
exaurido em poucas gerações. Não
temos o direito de seguir roubando o futuro
dos que estão por vir. Para reverter este
processo, o único caminho é a Revolução
Ecológica, cuja necessidade histórica parte
de três premissas básicas:
a) estamos em meio a uma crise ambiental
global e de tal enormidade que a teia
da vida de todo o planeta está ameaçada
e com isto o futuro da civilização;
b) a crítica ao modelo capitalista vigente e ao consumismo predatório e desenfreado;
c) a crítica às revoluções sociais do século XX que tiveram por matriz ideológica
o socialismo real, mas que apenas reproduziram o produtivismo predatório
do modo capitalista de produção.
A proposta de uma Revolução Ecológica baseada no ECOSSOCIALISMO representa,
ao mesmo tempo, o resgate dos ideários emancipatórios construídos
pelos movimentos sociais contestatórios e a rejeição às ilusões dos que pretendem
apenas reformar o sistema vigente. Ela incorpora os valores de convivência
solidária do TEKO PORÃ e UBUNTU, com valores éticos profundos do COMUM,
visando a construção de uma cidadania ativa e solidária.
O atual sistema capitalista é incapaz de regular, muito menos superar, as
crises que deflagra; isso porque fazê-lo implicaria colocar limites ao processo
de acumulação do capital, uma opção inaceitável para um sistema baseado na
regra “cresça ou morra!”. É da lógica do sistema preferir “Crescer e Matar!”. E
assim estão matando o planeta, pois o sistema capitalista mundial é, na linguagem
da ecologia, profundamente insustentável e, para que haja futuro, deve
ser ultrapassado e substituído.
O ECOSSOCIALISMO passa pela formação de cadeias produtivas locais,
aproximando produção e consumo e, sobretudo, aproximando gente e distribuindo
renda. No lugar de seguir subsidiando a indústria automobilística, com
créditos e incentivos fiscais para um transporte individual, de baixa escala e
poluente, o incentivo ao transporte público, limpo,
de qualidade e eficiente. Trens e hidrovias integrando
o Brasil, metrôs, bondes e ciclovias, em transporte
seguro, rápido e barato. Ônibus elétricos de nova
geração, silenciosos e confortáveis. Tecnologias sustentáveis
para o saneamento básico, com água limpa
e esgoto tratado, para todos, em um Brasil em
que ainda há muito por fazer nesta área.
Em vez de usinas de energia, destruindo rios e
florestas ou poluindo a atmosfera com suas fumaças
e radiações, unidades autossustentáveis, com
matriz energética diversificada, limpa e renovável;
até edifícios e casas podem produzir a energia que
consomem, assim como é necessário estabelecer
novos padrões de eficiência no consumo energético,
bem como na geração, transmissão e distribuição
de energia.
Com a Revolução Ecológica baseada no ECOSSOCIALISMO,
decrescemos na concentração, na ostentação,
no supérfluo e crescemos apenas onde é
necessário. Tudo isso gera riqueza, cria empregos,
tecnologia, conhecimentos e solidariedade.

Seiva
Seiva, o que circula dentro de nós, o
princípio que nos nutre.

A reconstrução do
BEM COMUM

COMUM, cooperação, multiplicidade, comunhão.
A identidade intangível de nossa
alma brasileira, expressa na generosidade
da mescla entre culturas, no sincretismo
de nossas crenças, nas festas que transbordam
alegria e esperança. O Comum nos une,
nos relaciona, nos congraça, sugere o direito
de todos, independentemente de posses, cor,
credo, idade, gênero, sexualidade
Desde os gregos antigos, BEM COMUM tem como fundamento a busca da
“melhor vida possível”, transformada em uma “vida ativa”, de modo que as
pessoas agissem de acordo com o que fosse melhor para a coletividade. O espaço
de realização pleno do Bem Comum era a cidade (polis) e a forma de governo
correspondente, a República. Com o desenvolvimento do Estado-Nação
capitalista o conceito de BEM COMUM foi paulatinamente substituído pelo de
bem público ou estatal. E as experiências ditas socialistas do Século XX apenas
aprofundaram esta consolidação do papel do Estado de controle e direção da
sociedade. A partir da década de 1980, com o Neoliberalismo, até mesmo as
ideias de bem público ou estatal foram substituídas pela privatização absoluta,
não mais havendo o sentido do BEM COMUM, fazendo com que tudo e todos
devessem se submeter ao Mercado.
Água, bem vital, deveria ser o melhor exemplo de um BEM COMUM, mas
quando é transformada em fonte de lucro, em mercadoria, deixa de sê-lo. A saúde
também deveria ser um bem de todos, pois não é ético nem moral admitir que
pessoas sejam mais bem tratadas que outras em função de suas posses. Assim
também com a educação, que deveria assegurar um ponto de partida comum e
de qualidade para todas as pessoas. A cultura, diversa e realizada por todos e nas
mais diferentes formas, nosso acervo de conhecimentos, expressões e significados
definindo nossa identidade. O conhecimento, a comunicação e a criação também
devem ser livres, mas não são. O direito à vida, enfim, pois, de todos os direitos,
não há nada mais sagrado que este direito comum a todos os seres.
BEM COMUM, tudo aquilo que tem uma dignidade própria, que não
se pode comprar nem vender, não sendo ético a sua transformação em
fonte de lucro.
A vida e a cultura não podem ser privatizadas. Mas o capitalismo transforma
tudo em mercadoria, patenteia seres vivos, cadeias genéticas, sementes
de alimentos, o acervo de conhecimentos, cultura e artes da humanidade;
e segue em novas fronteiras de expansão, como o mapa genético e
o espaço sideral, gerando novos desafios éticos e de luta política.
Para reconstruirmos o BEM COMUM, precisamos de acesso livre e irrestrito
às técnicas e conhecimentos. Várias delas estão já em nossas mãos,
mas ainda é preciso democratizá-las, assegurá-las como um direito e lutar
para que sejam expandidas, pois o acesso à informação e aos meios de comunicação
tem que ser um direito humano fundamental. A reconstrução
do BEM COMUM inclui o direito à cidade e à livre circulação nos espaços
públicos, sem barreiras de qualquer tipo, sejam físicas, financeiras, culturais
ou sociais, bem como a garantia de anonimato para os indivíduos, neutralidade
em rede, transparência nos fluxos e controle de informações, liberdade
de expressão e autodeterminação. Também inclui o direito à terra e à realização
da reforma agrária, produzindo alimentos saudáveis, fortalecendo
a agricultura familiar, a agroecologia, o respeito às florestas, águas e bichos.
E passa pela redução da jornada de trabalho e pela criação da renda universal,
a biorrenda, como a renda básica da cidadania, assegurada a todos.
A efetivação do BEM COMUM também
compreende tomar o Estado das
mãos dos grupos econômicos e políticos,
das CASTAS que dele se apoderaram
para garantir os seus interesses
privados, pois, no atual estágio civilizatório,
em que o Estado ainda é o maior
concentrador e distribuidor de recursos,
somente a gestão do Estado com
plena participação da sociedade é que
se garantirá a plena realização do BEM
COMUM e da melhor vida possível
para todos.
A crise política, moral e ética que as
sociedades contemporâneas atravessam
é resultado do abandono dos ideais do
BEM COMUM, que foram sendo substituídos
por práticas privatistas, desde o
campo econômico, social, cultural e político.
Resgatar os sentidos do BEM COMUM
é condição primeira para o bem-
-estar e a felicidade de toda sociedade

Tronco

A partir de nossas RAÍZES, formamos um
pensamento novo com o que de mais
profundo e generoso foi criado a partir
da cosmovisão, filosofia, racionalidade
e magia de nossos povos matriz. E assim
nasce o TRONCO, expressando nosso
objetivo: CIDADANIA PLENA.

Cidadanismo

Historicamente o conceito de cidadão, desde a Roma
Antiga, passando pela Revolução Francesa, representava
na prática a concentração de poder nas mãos de poucos.
As mulheres, os escravos e, em sua versão moderna,
os trabalhadores precarizados, estiveram, na maior parte
do tempo, alijados da participação política. Somente
por intermédio das lutas pela ampliação do direito de votar e
ser votado é que, muito recentemente, o conceito de cidadão
e cidadã se universalizou em nosso país (até a Constituição
de 1988 analfabetos não votavam). E ainda assim em uma cidadania
mutilada, em que os direitos não são universalmente
garantidos. O CIDADANISMO surge então como a busca da
efetividade plena da cidadania. Também o processo de acumulação
capitalista impôs uma concentração de riqueza nunca
vista, onde cerca de 1% de todos os habitantes do planeta
detém mais da metade de tudo o que é produzido. Com
isto, a grande massa de explorados e oprimidos pelo sistema
é constituída por pessoas com direitos formais, mas sem direitos
de fato.
A universalização da cidadania é a condição histórica necessária
do CIDADANISMO contemporâneo, que, por sua vez,
emerge em meio a uma grande contradição. Tal conceito está
intimamente ligado à noção de soberania popular, estampada
no parágrafo do primeiro artigo da Constituição Federal brasileira:
“todo poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente”. Mas este poder é sequestrado
por CASTAS que se apoderam do Estado para “se
servir” e não “servir”.
A separação entre o poder econômico e a vontade popular
deve estar na base do CIDADANISMO. Por isso a necessidade
urgente de um reforma política, justa, democrática e cidadã,
que recoloque a política nas mãos das pessoas, acabando com o
poder do dinheiro nas eleições e o abuso do poder, seja de governos,
empresas, mídia ou igrejas. O CIDADANISMO pressupõe
transformar e reinventar o exercício da política em processos solidários
e cooperativos, além, inclusive, de uma simples reforma
eleitoral. Também compete ao cidadão participar da vida pública,
na organização do espaço público e na construção da democracia
na esfera da produção e não somente na esfera política.
Da revolta que tomou as ruas e praças das grandes cidades
no mundo, surgem novas propostas de organização que buscam
reconfigurar o modelo de representação política e, mais
que isto, buscando o real empoderamento das cidadãs e cidadãos
por meio da democracia direta e da autogestão.
CIDADANISMO representa uma alternativa também aos
instrumentos tradicionais de participação política (partidos e
sindicatos) que, ao longo do século passado, se apresentavam
como a vanguarda, dirigentes da classe oprimida e explorada,
mas que foram se burocratizando e acomodando no contato
com o poder.

e articuladas, movidas por consensos progressivos. O indivíduo
é respeitado em sua integridade e seus valores e intenções
são conectados a outros que compõem a rede cidadã e
constituem os espaços públicos em permanente construção.
Deste movimento de reafirmação da participação ativa e cidadã
na construção do Comum, as políticas se tornam efetivamente
públicas e se desgarram dos desejos das castas e das
vanguardas.
CIDADANISMO também é romper com a oligopolização
dos meios de comunicação que, em conluio com a casta política,
interditam o direito de indivíduos e coletividades. Defendemos
a liberdade de imprensa, a pluralidade de ideias e
interpretações dos fatos e o livre acesso à informação, a polifonia.
Para que todas as pessoas, de todas as cores, de todas
as orientações sexuais, todas as ideias, em todos os sotaques,
possam ser respeitadas, vistas e ouvidas. Basta de invisibilidade,
pois a comunicação é um direito humano.
Este movimento Transversal e uma organização política de
Retaguarda se mesclam nas lutas comuns, se consubstanciam
na ação direta de enfrentamento das contradições do Sistema,
desnudando seus mecanismos e perversidade. A AUDITORIA

CIDADÃ DA DÍVIDA PÚBLICA, prevista na Constituição de 1988
e que até hoje é protelada, é uma das formas de escancarar o
maior dreno de recursos públicos a que a sociedade está submetida
E também um sistema tributário mais justo e progressivo,
que taxe menos a renda e consumo dos pobres e mais
sobre as grandes fortunas, as propriedades especulativas, os
lucros exorbitantes e transações financeiras internacionais.
CIDADANISMO é o respeito às diferenças, a promoção da
igualdade de gênero e racial, com o resgate de dívidas históricas
com as populações negras e indígenas. É oferecer oportunidades
iguais e quando estas não forem suficientes, promover
o reequilíbrio entre as pessoas. É assegurar os direitos
da mulher e combater todas as formas de preconceito e discriminação.
É defender os direitos de lésbicas, gays, bissexuais,
transexuais e transgêneros, assegurando-lhes o direito a
trabalho digno, ao casamento e à felicidade. É também construir
uma nova política de drogas enfatizando-a como uma
questão de saúde pública e não de polícia.
CIDADANISMO são direitos e são deveres. É identidade
e alteridade ao mesmo tempo. Uma cidadania emancipada
só pode acontecer no encontro com a Educação. Uma educação
de qualidade, motivadora, não uma “educação instru

mental”, gerando “deficientes cívicos”, como bem apontou
o mestre Milton Santos, mas que integre a Educação
à Cultura, formando consciências, multiplicando diferentes
formas de viver, experimentando alternativas, informando,
democratizando o conhecimento, respeitando as
diferenças e fomentando a produção criativa. Uma educação
que liberta e convida as pessoas a pensarem sobre
sua realidade e sua emancipação.
Será do encontro entre Cidadanismo e Educacionismo
que colocaremos a CIDADANIA em um novo patamar.
E esta é a condição necessária para uma nova forma de
governo e pacto social. Um governo que nos respeite. É
simples o que queremos. Queremos que o esforço coletivo
seja revertido para o coletivo. E para isso, queremos
participar, deliberar, acompanhar, fazer junto. Queremos
bons cuidados quando buscamos a saúde pública e sermos
bem tratados quando nos deslocamos pelas cidades.
Queremos boas praças e parques, limpos e arborizados,
nos sentir seguros em nossas casas e nas ruas. Queremos
até aquilo que não sabemos que queremos. Por isso ousamos
uma nova cultura política no Brasil, em que o CIDADANISMO
será o pleno exercício da cidadania.
Ramos, Folhas,
Flores, Frutos

PLATAFORMA para
um PROGRAMA COMUM.

Optamos por definir primeiro nossas RAÍZES e TRONCO
e agora fazemos um convite a todos os Coletivos, Movimentos
e Atores Sociais sinceramente empenhados na
busca de “um outro mundo possível” a que iniciemos a
construção de uma PLATAFORMA PROGRAMÁTICA interativa
e comum. Um programa em construção permanente,
incorporando olhares, propostas e reivindicações,
antes isoladas e que agora se entrelaçam a partir do diálogo
e luta comum, formando uma frondosa árvore, a
ÁRVORE da CIDADANIA

Partido-Movimento
Um partido de novo tipo, um PARTIDO-MOVIMENTO. Um partido que construa
pontes para o diálogo entre os cidadãos e não atalhos para as castas dirigentes.
Um partido que dialogue com os movimentos sociais, mas sem cooptá-
-los. Um movimento social e um partido político, ao mesmo tempo. E, também,
um PARTIDO em MOVIMENTO. Um partido que se construa nas ruas e também
nas redes que integram os “debaixo”, os legítimos donos do poder.
Nós nos recusamos a sermos transformados em mais uma engrenagem do
jogo do poder. Rejeitamos as suas benesses e a profissionalização na política.
“Política, a mais vil das profissões, a mais nobre das vocações”, como escreveu
Rubem Alves. Não queremos alimentar castas políticas, que se autoconcedem
aumentos sem consultar a sociedade, que só legislam e governam para se perpetuar
no poder. O poder das castas não nos atrai, assim como também não
nos seduzimos por cargos em que o fim seja o próprio cargo, sem que ele seja
um meio para melhorar a vida das pessoas.
Nossa lógica é outra. A busca da potência, da capacidade de agir e transformar
realidades, e que é inerente a todos os seres humanos. E de uma potência
que se realiza com afeto e amorosidade, pois em um mundo em que
tudo é transformado em coisa, não há nada mais revolucionário que o amor à
vida, o reconhecimento do “outro” e o respeito ao próximo.
Nossa esperança: Reencantar o
mundo desencantado. Tornar novamente
a política algo apaixonante.
Por isso buscamos força em nossas raízes
mais profundas, resgatando nossa
ancestralidade africana, ameríndia
e europeia para constituir um novo
ethos político, mestiço como somos,
que nasce do amálgama entre UBUNTU,
TEKO PORÃ e ECOSSOCIALISMO,
reconstruindo o sentido do BEM COMUM
e apontando para a conquista
da CIDADANIA PLENA.
Nosso objetivo: uma Cidadania
Plena que coloque o Poder a serviço
de seu povo. Ao mesmo tempo, ativa,
participativa e colaborativa. Uma cidadania
que dispensa tutores e senhores.
Não é simples nem fácil, pois a ordem
política vigente sequestra a democracia
pelo dinheiro, distorce pela
ignorância, controla pelo poder. Mas

temos que reagir. Não podemos mais eleger representantes
que logo eleitos já dão as costas ao povo, tramando acordos
para ingressarem nas castas que até ontem negavam. O nome
já diz, todo cargo de representação ou gestão de governo é
um cargo público e não pode ser disposto ao bel prazer, sem
critério algum além do “toma lá dá cá” da política. Não queremos
mais um ministério em que “metade não é capaz de nada
e a outra metade é capaz de tudo”.
Não há mais tempo a perder. Somos a maioria, mas nossos
direitos seguem desrespeitados entre corrupções, ineficiências,
desmandos e mentiras. O Planeta não pode esperar
mais, há que dar um basta ao desmatamento que faz desaparecer
rios e vidas. Precisamos de água boa, de rios e lagos e
terras e ares limpos. Queremos viver em paz, andar nas ruas
com segurança, descansar em Parques e Praças, ouvir música
ao ar livre, teatro na rua; respirar arte, sentir arte, ser arte.
Nossa vida pode ser melhor. Alimentos saudáveis, bom transporte,
moradia digna, saúde e educação integrais para todas
e todos. Não queremos muito, queremos apenas o que é nosso.
São nossos direitos. Por isso queremos para já!
Nesta fase transitória nos propomos a ser um laboratório
de experimentações em busca da igualdade política que, para

nós, significa o reconhecimento de que pessoas comuns, quaisquer cidadãos,
tenham capacidade e meios para interferir nos rumos comuns da sociedade.
Buscamos um novo patamar de democracia, formada por sujeitos
autônomos, capazes de gerir suas vidas e participar da gestão da vida pública.
Não queremos mais um partido PARA as pessoas, queremos um partido
COM as pessoas.
Um partido ao mesmo tempo amplo, horizontal, democrático e constituído
por Círculos autônomos e protagonistas, que se inter-relacionem
uns com os outros, igualmente de forma autônoma e democrática. Círculos
como unidades de participação e respeito à diferença e à construção do
comum. Círculos temáticos (reforma urbana, política de drogas, ambientalismo,
etc.), territoriais (por estados, cidades, bairros, comunidades, escolas,
universidades, locais de trabalho) ou identitários (LGBT, indígenas, jovens,
etc.).
Círculos que se cruzam numa rede sem hierarquia que, por meio do método
dialógico, constrói unidades de pensamento e ação. Círculos que garantam
a integridade de cada participante e que não necessitem forjar sua
força como maioria que esmaga o divergente ou aquele que ainda não se
convenceu plenamente da melhor solução. Círculos que formem uma estrutura
lacunar, em edificação constante, num consenso progressivamente
construído. Basta ter a iniciativa de criar um círculo e juntar pessoas para
que ele seja criado.
movimento
cidadanista
O Brasil é grande, rico, esta é a terra da diversidade, mestiçagem, da alegria.
Temos energia, florestas, água, riquezas mil. Um bom povo, inventivo, trabalhador
e solidário. Não é justo que sigamos nos maltratando, não é justo que sigamos
nos enganando. A quem não acredita nesta possibilidade e se conforma
com o amesquinhamento da política atual, há dezenas de partidos a escolher,
bastando deixar tudo como está. Mas a quem deseja mudar de verdade, fazemos
um convite à união. Sigamos juntos, unidos.
Somos de Pindorama. Somos Aymoré e a Confederação dos Tamoios. Somos
Zumbi e Palmares. Alfaiates, Inconfidentes, Republicanos. Somos a Confederação do Equador e Frei Caneca. José Bonifácio de Andrade
e seu sonho pela amálgama Brasil, expulso da primeira constituinte
do país por defender a libertação dos escravos, distribuição
de terras e educação pública para todos, isso em 1824.
Farrapos, balaios, praieiros e cabanos. Somos Malês, caifazes e
abolicionistas. Dos Sertões, de Canudos, Contestado e do Caldeirão.
Somos as revoltas de 22, de 24, da Coluna Invencível.
Anarquistas, comunistas e socialistas. Modernistas, antropofágicos,
tropicalistas. Do Brasil urbano, do Brasil rural, do Brasil
soberano. Da Cultura Popular e de Periferia, do Cinema Novo,
do Teatro do Oprimido, da MPB. De Paulo Freire, Darcy Ribeiro,
Florestan Fernandes e Milton Santos. Das reformas de base, da
resistência à ditadura, de 1968, da teologia da libertação, do
Movimento contra a Carestia, da Anistia, das greves operárias.
Diretas Já! Da Constituição Cidadã. Os caras-pintadas, a estabilidade
da moeda, a inclusão social. As Jornadas de Junho de
2013. Toda esta história faz parte de nós. Somos nós.
E assim seguimos, unidos com ousadia, semeando, confiando,
compartilhando. Por uma sociedade de mulheres e homens
livres, de gente unida entre si e unida ao planeta. Um povo capaz
e responsável por seus próprios atos. Livre, enfim, consciente,
pensando por si mesmo. Conclama o Manifesto: UNI
-VOS! Unimo-nos. E seguimos dizendo
nas ruas: “O povo, unido, jamais será
vencido!” Venceremos.
Venceremos porque Podemos. Podemos
porque somos radicais. E, por
termos Raízes, nos propomos a pensar
o Brasil de baixo para cima, pela
radicalização dos processos horizontais
e interativos, garantindo o efetivo
empoderamento das pessoas numa
nova concepção do fazer político.
Nossas raízes são profundas e trazem
à tona as mais elevadas expressões da
ética africana, da filosofia ameríndia
e da política ocidental: Ubuntu, Teko
Porã e Ecossocialismo. Destas raízes
nasce o tronco do CIDADANISMO, forte,
potente, generoso.
Foi no dia da mulher que nos afirmamos
como RAIZ MOVIMENTO CIDADANISTA,
evocando o feminino no
descobrimento de nossas práticas.
3Por isso queremos ser chamados exatamente assim: a RAIZ, combinando com
o gênero; não mais “o partido”, mas “a inteira”, de inteireza. Queremos um
novo fazer político, enraizado no solo fértil das lutas por vida, pão, saúde, paz,
conhecimento, ciência, trabalho, diversidade natural-étnico-cultural, sustentabilidade,
arte e lazer. Que a força de nossas raízes alimentem o sonho, a ternura,
a ousadia e a esperança.
Assim como os minerais, que são absorvidos pelas raízes das árvores, pedimos
força para que possamos absorver o grito de indignação e a vontade de
justiça. E lutaremos para transformar a realidade social desumana, degenera
da, nociva, desigual. E que façamos juntos, entrelaçando
raízes, articulando grupos e pessoas, movimentos
e organizações, de maneira criativa e libertária,
prospectiva e otimista. Não será fácil, sabemos que
vamos enfrentar o solo infértil, as pedras, muito vento,
às vezes com falta de água. Mas nossa essência,
nossos sonhos e nossa luta transformarão essa nossa
semente, que já é RAIZ, numa árvore forte, cheia de
frutos e inspiradora para a tão sonhada transformação
do nosso país.
Raiz que vai crescer. Primeiro os ramos, depois as
folhas, as flores e por fim os frutos que há tanto esperamos.
No mesmo momento que muitos preparam suas
armas para defenderem o indefensável, nós germinamos
da terra e vamos frutificar.
RAIZ MOVIMENTO CIDADANISTA, por belas flores
e bons frutos para um Brasil que vai brotar como nunca
se viu!
São Paulo, 08 de Março de 2015
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