sábado, 22 de agosto de 2015



Classes médias urdem golpe para tirar Dilma: e STJ sofre golpe para mantê-la

Vamos tratar dos golpes que correm por aí nesses tempos bicudos. Um é o golpe que o governo tenta dar no STJ. O outro, o golpe das classes médias, clássicas parceiras-fantasmas na alteração abrupta de poder.
Sobre o golpe no STJ: corre no mundo da advocacia a seguinte informação: há um truque de mágico em curso. O dr. Falcão, presidente do STJ, estaria agora tentando manter o linha-dura Trisotto à frente da Lava Jato, em troca de ele segurar  a peruca  de Marcelo Odebrecht. Soltando Marcelo, este não entra em delação premiada e Lula é poupado.
Sobre a não-delação de Odebrecht, veja este post que publiquei.
Resta saber se o dr. Trisotto vai topar permanecer no STJ e aceitar as propostas indecorosas que ali se lhe fazem –e, assim, se degenerar, e virar boneco inflável de passeata. Ou entrar no igualmente degenerativo “Fator Mantega”: ser tungado por vozes berrantes e dedos recursos que enervam os restaurantes dos Jardins –onde os petistas costumam se cevar de Romanée Conti (ultimamente, sabe-se, trocado pelo português Pera Manca)
Leia mais sobre o golpe no STJ clicando aqui.
Outro plano golpista sobre qual áulicos e palacianos passaram a pensar a partir deste fim de semana: Renan Calheiros garante a aprovação do doutor Janot no Senado e tenta dele obter algo; ou, por outra:  o Senado, em pacto do diabo com Dilma, reprova Janot. Dilma nomeia um procurador de comum acordo com o Senado, e que não consta da lista dos 3 mais indicados pelos procuradores. Tal nomeação do chefe do MPF, adorado por Dilma, seguiria, obviamente, sugestão de Renan em acordo com Cunha –para livrar este da acusação de que teria recebido 5 milhões de tilintantes verdes do esquema Petrolão.
Sobre o golpe das classes médias: antes que você diga que extraí esses arrazoado do artigo do Clóvis Rossi, do último domingo, vai aqui meu post de 10 de abril passado, sobre as classes médias golpistas.
Duas classes médias querem o PT fora: a antiga e a nova. A última, porque teve seu acesso ao consumo (com o clímax sob Lula) destruído sob Dilma.
Sobre a nova classe média brasileira, ex-aliada ao PT (antes de a conta de luz subir) Karl Marx teria muito a falar.
O retrato fiel da nova classe média brasileira sempre foi definido como bonapartismo.
O termo “bonapartismo” é classicamente empregado na obra O 18 de Brumário de Luís Bonaparte,  escrito entre dezembro de 1851 e março de 1852 , e publicado originalmente por Karl Marx na revista  Die Revolution.
Marx, chamado derrisoriamente pela sua mulher, Jenny, de The Old Nick ( o velho satanás) escreveu:
“A tradição de todas as gerações mortas pesa sobre o cérebro dos vivos como um pesadelo. E mesmo quando estes parecem ocupados a revolucionar-se, a si e às coisas, mesmo a criar algo de ainda não existente, é precisamente nestas épocas de crise revolucionária que esconjuram temerosamente em seu auxílio os espíritos do passado, tomam emprestados os seus nomes, as suas palavras de ordem de combate, a sua roupagem, para, com este disfarce de velhice venerável e esta linguagem emprestada, representar a nova cena da história universal”
Nosso espírito do passado é o bonapartismo brazuca.
Usado por FHC e Maria Victoria Benevides para definir Jânio Quadros, o termo “bonapartista” é uma referência a dois golpes de Estado: o de Napoleão Bonaparte em 1799, que descartou as conquistas republicanas da Revolução Francesa e instaurou um governo ditatorial, e o de seu sobrinho Luís Napoleão em 1851, quando era presidente da República proclamada em 1848.
O bonapartismo ocorre quando a autoridade do líder se articula a um partido de massas que intervém em todas as esferas da sociedade civil: sindicatos, associações patronais, grupos de jovens e de mulheres.
É o mundo sobre o qual o PT entesourou apoio.
A velha classe média
Vejamos Golbery do Couto e Silva, o bruxo da abertura política, com o seu “paper” intitulado “Sístoles e Diástoles da Política Brasileira”. Ele ressalta o papel da classe média brazuca como chave das mudanças políticas.
Para Golbery, o Brasil tem um condão único: quando o poder fica mais conservador que o povo, este opta por aberturas. Quando o  poder abre demais à esquerda, é fechado por golpes paterocinados pela sociedade civil mas não tão civilizada:  o tenentismo de Vargas era uma abertura face à política consaervadora do café com leite, retirada à forceps; Getúlio, por sua vez,  encastelou demais e teve de meter um balaço;  Jango abriu demais, foi fechado pelo Movimento de 1964; e este, por sua vez, fechou demais e teve de instalar a abertura lenta e gradual. Derrubaram Collor.
É essa velha classe média que vem comandando o inconformismo nas ruas.
Ninguém resiste a essas forças: nem o STJ, ora acossado por golpistas que atuam na madrugada…