Ação atinge ‘coração’ do PMDB
Entre alvos da operação estão dois ministros que vêm dando suporte contra o impeachment
PUBLICADO EM 16/12/15 - 04h00
Brasília.
A mais recente fase da operação Lava Jato atingiu em cheio as
principais lideranças nacionais do PMDB, partido que está prestes a
romper com a presidente Dilma Rousseff. Entre os 17 alvos da ação de
busca e apreensão desta terça em sete Estados e no o Distrito Federal
(veja a lista completa na página 6), nove são políticos do partido,
incluindo deputados federais, com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha,
colocado no centro da ação, além de ministros, senadores, um prefeito e
de um ex-governador da sigla.
A ação da Polícia Federal (PF) em conjunto
com o Ministério Público Federal (MPF) gerou enorme tensão entre a
cúpula do partido, que se reuniu em vários encontros tão logo começaram a
surgir as primeiras informações sobre os alvos. Batizada de
Catilinárias, a operação acabou ganhando o apelido de “operação PMDB”.
Dois atuais ministros de Dilma que vinham
dando suporte a ela contra o impeachment estão entre os alvos: Celso
Pansera (Ciência e Tecnologia) e Henrique Eduardo Alves (Turismo).
Indicado para o cargo por Leonardo Picciani (PMDB-RJ), forte aliado ao
governo e agora alvo da reação de colegas de partido, Pansera foi ligado
no passado recente a Eduardo Cunha. Em depoimento à Polícia Federal
(PF), o doleiro Alberto Youssef chegou a chamar Pansera de “pau mandado”
de Cunha. Após se tornar ministro, Pansera passou a defender Dilma.
Ex-presidente da Câmara dos Deputados,
Henrique Alves foi indicado ministro pela bancada do partido e com o
apoio do vice Michel Temer. Nesta terça ele chegou a ter uma audiência
com Temer em Brasília. Publicamente, Alves defende a presidente, mas nos
bastidores disse que “fica no cargo até quando Temer quiser”. O vice
tem unido forças no PMDB a favor do impeachment.
Até então principal aliado de Dilma, o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi atingido
indiretamente. Houve busca e apreensão na sede do diretório do PMDB de
Alagoas, que é comandado pelo senador. Em 2014, a sigla elegeu como
governador no Estado Renan Filho.
O ex-presidente da Transpetro, Sérgio
Machado, indicado por Renan Calheiros, também foi alvo da operação.
Outros nomes ligados ao senador são do deputado Aníbal Gomes (CE), que
também sofreu busca em sua casa, e do ex-ministro Edison Lobão (MA) que
integra o grupo pró-Dilma no PMDB ao lado de Renan.
Ex-ministro fala
Sem prisões. Ex-ministro da Aviação Civil e um dos auxiliares mais próximos do vice-presidente Michel Temer, Eliseu Padilha (PMDB) minimizou nesta terça o impacto em seu partido da operação Catilinárias. “Tem muita gente presa já, e não tem ninguém preso do PMDB. É um processo que está em andamento, não vejo nada demais”, afirmou após encontro com o vice.
Sem preocupação. O ex-ministro disse que o partido apoia a ação da PF e disse ter “certeza absoluta” de que as ações de busca e apreensão desta terça não causam nenhum tipo de preocupação ao PMDB. “O PMDB é o maior partido do Brasil. Temos alguns nomes que sendo investigados, por enquanto só investigados”.
CamufladosSem prisões. Ex-ministro da Aviação Civil e um dos auxiliares mais próximos do vice-presidente Michel Temer, Eliseu Padilha (PMDB) minimizou nesta terça o impacto em seu partido da operação Catilinárias. “Tem muita gente presa já, e não tem ninguém preso do PMDB. É um processo que está em andamento, não vejo nada demais”, afirmou após encontro com o vice.
Sem preocupação. O ex-ministro disse que o partido apoia a ação da PF e disse ter “certeza absoluta” de que as ações de busca e apreensão desta terça não causam nenhum tipo de preocupação ao PMDB. “O PMDB é o maior partido do Brasil. Temos alguns nomes que sendo investigados, por enquanto só investigados”.
Operação tática. A 22ª fase da Lava Jato chamou atenção pela mudança no padrão. Em vez dos tradicionais agentes com coletes pretos, apareceram agentes com roupas camufladas e fortemente armados. Ao todo, 24 membros do Comando de Operações Táticas, conhecido por participar de ações onde existe a possibilidade de confronto, como assaltos, atuaram principalmente na ação na casa de Eduardo Cunha.
Sem perdão
Missa. Num dia atípico, o presidente do Senado, Renan Calheiros, tentou imprimir clima de normalidade à Casa. Ele manteve as agendas e participou, pela manhã, de uma missa de Natal. Ao lado dele estava Fernando Bezerra (PSB-PE), outro alvo da ação desta terça. Na cerimônia, os padres lembraram que aquele era o momento de pedir perdão a Deus, “reconhecendo as nossas culpas”. Na hora, nenhum dos políticos abaixou a cabeça para rezar.
Missa. Num dia atípico, o presidente do Senado, Renan Calheiros, tentou imprimir clima de normalidade à Casa. Ele manteve as agendas e participou, pela manhã, de uma missa de Natal. Ao lado dele estava Fernando Bezerra (PSB-PE), outro alvo da ação desta terça. Na cerimônia, os padres lembraram que aquele era o momento de pedir perdão a Deus, “reconhecendo as nossas culpas”. Na hora, nenhum dos políticos abaixou a cabeça para rezar.
Buscas aconteceram durante homenagem a procuradores
Brasília. Enquanto a Polícia Federal concluía buscas que tiveram como principal alvo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o plenário da Casa promovia homenagem à Procuradoria Geral da República (PGR), responsável pelos pedidos de busca e apreensão. A homenagem se deu pelo Dia Nacional do Ministério Público, celebrado na última segunda-feira.
O secretário de relações institucionais da PGR, Peterson Pereira, leu um artigo do procurador geral, Rodrigo Janot no plenário. “Certa vez fui questionado sobre até onde iriam as investigações da Lava Jato. Respondi: é preciso perguntar a essas pessoas até onde elas foram”. Janot é um dos maiores desafetos de Cunha, que o acusa de fazer uma “investigação política”.
Brasília. Enquanto a Polícia Federal concluía buscas que tiveram como principal alvo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o plenário da Casa promovia homenagem à Procuradoria Geral da República (PGR), responsável pelos pedidos de busca e apreensão. A homenagem se deu pelo Dia Nacional do Ministério Público, celebrado na última segunda-feira.
O secretário de relações institucionais da PGR, Peterson Pereira, leu um artigo do procurador geral, Rodrigo Janot no plenário. “Certa vez fui questionado sobre até onde iriam as investigações da Lava Jato. Respondi: é preciso perguntar a essas pessoas até onde elas foram”. Janot é um dos maiores desafetos de Cunha, que o acusa de fazer uma “investigação política”.
PUBLICADO EM 16/12/15 - 04h00