sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017


Número de homicídios no Espírito Santo passa de 100 durante greve da polícia

Por Paulo Whitaker
Reuters
Policiais transportam corpo no Insituto Médico Legal em Vitória
Policiais transportam corpo no Insituto Médico Legal em Vitória 9/02/ 2017. REUTERS/Paulo Whitaker
Por Paulo Whitaker
VITÓRIA (Reuters) - Mais de 100 pessoas foram mortas durante a greve de policiais no Espírito Santo que entrou no sexto dia nesta quinta-feira, disse um sindicato da categoria, e o transporte público foi interrompido e escolas e lojas permaneceram fechadas em decorrência da paralisação.
Cenas de violência e anarquia se espalharam pelo Estado desde o início da greve, apesar do envio de 1.200 homens das Forças Armadas e da Força Nacional e de uma promessa do Ministério da Defesa de disponibilizar mais soldados para enfrentar a crise.
A maior parte da violência está concentrada na capital Vitória. Autoridades do Estado disseram que precisam de mais tropas federais par ajudar a restaurar a ordem e substituir os 1.800 homens da Polícia Militar que normalmente patrulham a região metropolitana da cidade.
O governo estadual não divulgou números oficiais de mortes desde o início da greve da PM no sábado, deflagrada por uma demanda de aumento salarial, mas um porta-voz do sindicado que representa os policiais disse à Reuters nesta quinta-feira que foram registrados 101 homicídios desde sábado.
Caso confirmado, o número representaria seis vezes a média diária de homicídios em comparação com dados do ano passado.
De acordo com a rede Globo, citando fontes oficiais de segurança, cerca de 200 carros foram roubados em Vitória em um único dia, enquanto a média no Estado é de 20.
A associação comercial do Estado disse que os negócios registraram prejuízo de 90 milhões de reais desde o início da paralisação.
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, elogiou a atuação dos militares no Estado em sua conta no Twitter e disse que as tropas serão reforçadas.
"Com atuação madura, nossos militares evitaram o pior no conflito entre manifestantes e familiares dos policiais no ES. Parabéns!", disse.
"A partir de agora, determinei o reforço no ES com tropas paraquedistas, blindadas e aviação do Exército. A missão será cumprida. A ação do Exército no ES é pontual. Vem viabilizar as negociações do governo e trazer paz à população. Não vamos substituir a PM."
A greve, que tem participação de familiares e amigos de policiais que bloquearam acessos a batalhões, acontece à medida que o Espírito Santo, assim como outros Estados, enfrenta dificuldades financeiras para garantir serviços como saúde, educação e segurança.
Representantes dos policiais em greve, incluindo algumas esposas de PMs, se reuniram com autoridades do governo estadual na quarta-feira à noite para cobrar aumento de salário. Segundo o sindicato, eles não recebem aumento há quatro anos.
O salário médio mensal de um policial militar do Estado é 2.643 reais, de acordo com um representantes dos policiais em greve.
Os dois lados têm uma reunião marcada para mais tarde nesta quinta-feira.
(Reportagem adicional de Brad Brooks, em São Paulo)