segunda-feira, 28 de dezembro de 2015


Marcha contra ‘ditadura’ tem hostilidade contra jornalistas. Já vimos este filme

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Amigos que estiveram nos protestos contra Dilma Rousseff a trabalho, no último domingo, se queixaram da virulência de parte dos manifestantes em relação à imprensa. Sobrou para Globo, o Estadão e a Folha – meses atrás, um colega da CartaCapital teve de sair pelos fundos, escoltados, ao ser identificado.
Um dos líderes do movimento, que defende bala na testa de político e que há alguns meses posava com faixas anticorrupção no gabinete de um deputado acusado de corrupção se queixou, no Facebook, das perguntas de um jornalista da TV Globo sobre Eduardo Cunha (PDMB-RJ).
Não bastasse o (não) constrangimento em desfilar na mesma linha de nomes como Alexandre Frota, o dublê de ator que acha divertido falar sobre abuso sexual na TV, e Jair Bolsonaro, deputado que diz em público quem merece ou não ser estuprado ou torturado, os militantes da moralidade política parecem simpáticos também à estratégia usada pelos inimigos da esquerda em constranger jornalista quando não têm resposta para os questionamentos.
A ala governista que ataca e/ou debocha dos profissionais da imprensa que perguntam o que querem têm uma concorrência à altura na outra margem do pensamento binário.
Curiosa essa forma de manifestação democrática. Daqui a pouco vão exigir lista prévia do que pode e do que não pode ser perguntado. Depois, o que pode ou não ser escrito. Parece que já vimos este filme antes.
Fotos: Manisfestantes reúnem-se na avenida Paulista, em ato contra o governo Dilma Rousseff (André Tambucci/ Fotos Públicas)